91% dos brasileiros estão preocupados com as finanças. É o que aponta a pesquisa feita pela EY-Parthenon. Ainda segundo o estudo, 46% buscam novas marcas para reduzir custos. Além disso, 81% dos entrevistados estão reavaliando como gastam o seu tempo nas coisas que mais valorizam e 62% pretendem gastar mais com experiências que os deixem satisfeitos.
Os números constam da décima edição do Future Consumer Index (FCI), produzido pela consultoria estratégica e que analisa o comportamento de consumo em diversos países do mundo. Os números também apontam que os brasileiros estão mais preocupados com a sustentabilidade. 61% dos entrevistados afirmam que o ato de comprar e se comportar de maneira sustentável é um princípio levado em conta no seu dia a dia.
Os dados mostram que, nos últimos três anos, as pessoas modificaram seus padrões e hábitos em todas as partes do mundo, principalmente por causa da pandemia. Os consumidores tornaram-se mais flexíveis, se adaptaram ao comércio eletrônico e passaram a valorizar questões como as práticas ligadas à agenda ESG (ambiental, social e governança) nas empresas.
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Ainda segundo a pesquisa, 46% dos brasileiros acreditam que começarão a fazer compras on-line com mais frequência daqui em diante. Além disso, de acordo com o FCI, 78% dos entrevistados esperam que a maneira como utilizam a tecnologia irá melhorar em três anos. Por outro lado, 77% dos brasileiros estão extremamente preocupados com roubo e fraude de ID e com segurança e violação de dados.
As recentes incertezas econômicas globais também foram incorporadas ao cotidiano da população. A pesquisa aponta que, em todo o mundo, os consumidores se acostumaram a viver em um cenário mais conturbado, sendo que 63% deles não esperam uma recuperação da economia nos próximos 12 meses.
O confinamento e as incertezas que surgiram por conta da Covid-19 também alteraram a forma de viver o cotidiano. 85% dos brasileiros dizem que estarão mais conscientes e cuidadosos com sua saúde física e mental nos próximos três anos. 62% dos consumidores no Brasil pretende gastar mais com experiências de consumo que os deixem satisfeitos.
Todos esses dados apontam um cenário desafiador para as empresas, que dependem do mercado para garantir a própria sobrevivência. “Os modelos de negócios estão mais complexos à medida que os clientes estão mais complexos”, afirma Eduardo Tesche, sócio da EY-Pathernon na América do Sul, durante o evento “Encontro do Consumidor por Indústria – A influência do consumidor na transformação dos ecossistemas”.
Promovido pelo MIT Sloan Review Brasil, em parceria com a EY-Parthenon, o encontro foi realizado esta semana e reuniu líderes de empresas para discutir as tendências do setor de varejo no pós-pandemia.
Entre os pontos abordados, foi debatido como as empresas devem definir suas estratégias para melhorar o desempenho perante o mercado consumidor. Um dos caminhos é a formação de ecossistemas de negócios entre diversas empresas, cujo objetivo é, a partir das estratégias em conjunto, melhorar a performance de cada uma delas.
“É necessário entender o anseio dos clientes no mundo pós-pandemia e, mais ainda, no mundo após as subidas de juros”, diz Tesche. A opinião é compartilhada com Juliana Crema, sócia da EY-Parthenon e líder em estratégia para o segmento de consumo e varejo. “A inflação está presente não apenas no Brasil e o fator preço continua sendo o principal atributo na decisão de compra das pessoas”, afirma Juliana.
Outro desafio às companhias, segundo Juliana, é que, apesar do desejo do consumidor em adquirir produtos com maior grau de sustentabilidade, que geralmente têm um custo maior, ele não está disposto a pagar mais por isso.
Ciente de todas essas transformações, a indústria procura se adaptar aos novos padrões. “Nosso chefe é o consumidor. Temos de nos adaptar ao que ele deseja consumir e não apenas ao que queremos vender”, explica Fernando Fiorini, líder da área de desenvolvimento de negócios da Mondelez no Brasil.
Proprietária de marcas como Lacta e Nabisco, a multinacional do setor de alimentos tem como estratégia o equilíbrio entre a eficiência industrial e o atendimento ao consumidor. Para isso, uma das prioridades foi o desenvolvimento do e-commerce por meio de ecossistemas com empresas parceiras. O resultado foi o crescimento de 130% nas vendas on-line da Mondelez apenas no último ano. “Nosso e-commerce responde hoje por cerca de 6% do volume de vendas. Antes da pandemia era praticamente zero”, diz Fiorini, no evento promovido pela MIT/EY.
A população também está mais exigente em relação à saúde e ao bem-estar na alimentação, o que provoca impacto direto na indústria alimentícia. O desejo é por alimentos mais saudáveis, com menos sal e açúcar, mas com sabores muito próximos ao que está acostumado. Além disso, questões como a origem da matéria-prima e práticas sustentáveis de fabricação também estão no radar dos compradores. “Temos de lidar com todas essas questões, o que é um desafio muito grande para a indústria”, explica Laerte Moraes, head dos negócios de amidos, adoçantes, cacau e chocolate da Cargill.
No setor financeiro, além da pandemia, outro fator que acelerou a inovação tecnológica foi a popularização do PIX. “O PIX transformou a indústria como um todo. Houve uma aceleração de seis anos em seis meses no processo de digitalização de meios de pagamento por parte da população”, resume André Cazotto, head de estratégia do PicPay.
No varejo, os novos tempos apontam para o figital união dos meios físicos e digitais para vendas. “A loja física deixou de ser apenas um ponto de venda direto e passou a ser um local de relacionamento com o consumidor”, avalia Orivaldo Padilha, vice-presidente de finanças da Via, empresa responsável por bandeiras como Casas Bahia e Ponto. Segundo ele, a sinergia proporcionada pelo figital deu tão certo que, em regiões onde são abertas novas lojas físicas há um aumento das vendas em canais digitais. “Essa fusão trouxe muitos resultados positivos para a empresa como um todo”, diz Padilha.
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