11 de dezembro de 2024
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Viva Turismo

Três Pontas também é a terra da cachaça

Essa bebida tão tradicional na história do Brasil e de Minas Gerais está presente também no município

 

Essa bebida tão tradicional na história do Brasil e de Minas Gerais está presente também no município. E proporciona bons momentos ao turista.
Os atributos de Três Pontas vão muito além do apelido: “Terra do café, da música e da fé”.   

A diversificação das atividades em novas áreas traz também destaque ao município. Empresários aproveitam para oferecer opções de lazer diferenciadas. O chamado turismo de imersão já é uma realidade. E essa experiência pode ser vivenciada no alambique da cachaça Divina Cana. Criada em 2016, a cachaça Divina Cana já rodou várias partes do país em feiras e sempre com destaque. Em Três Pontas, a estrutura do alambique é toda planejada e recebe turistas durante o ano todo. 

Paulo Sérgio de Souza Rodrigues é natural do estado de São Paulo, mas é trespontano de coração. Ele e a esposa, Regina Helena Aparecida Sierra Rodrigues, são os criadores da cachaça Divina Cana. E como falar da bebida é falar de história, no caso deles não é diferente. Quando era criança, Paulo e sua família se mudaram para Itabirito, na região Central de Minas Gerais, em função da profissão do pai, que era formado na área de química e prestava serviços para curtumes. Naquela região, ele sempre acompanhava o pai nas andanças, principalmente na zona rural, onde via muitas estruturas de alambiques. “Meu pai era preocupado com o futuro e queria que eu aprendesse também sobre a profissão”, explicou.  
 
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Depois de algum tempo, o pai de Paulo se aposentou e retornou com a família para o estado de São Paulo, na região de Franca. Nessa época, Paulo já estava formado em Química Industrial e seguiu os passos do pai, exercendo a mesma função durante quatro anos. Paulo então voltou para Minas Gerais novamente, dessa vez para Três Pontas. Investiu em outros ramos e se estabilizou financeiramente. Pouco tempo depois, perdeu o pai. E para manter a memória afetiva viva, das boas lembranças, resolveu investir em um sonho antigo e iniciou a montagem de um alambique.
 
“Tudo começou pequeno. Fui comprando as peças do alambique aos poucos”, contou. As primeiras bebidas produzidas eram de forma bem artesanal e amadora. Só em 2017, ele teve oportunidade de se qualificar. “Fiz um curso na área de cachaça artesanal em Belo Horizonte. Tive contato com profissionais e novas tecnologias do setor. Pude ver e investir em equipamentos melhores. No início, nunca me preocupei com a venda da cachaça. Queria produzir algo diferente e de qualidade para os amigos. Mas como o produto foi aprimorado, cheguei a um ponto que poderia participar de eventos e comercializá-lo”, detalhou. E foi o que aconteceu. A Divina Cana já esteve até em feiras na capital mineira e em cidades como Gramado, no Sul do país.
 
Hoje a estrutura da Divina Cana serve de apoio para estudantes da área de Ciências Agrárias. Professores e alunos da Universidade Federal de Lavras (UFLA) fazem visitas periódicas para colocar em prática estudos e pesquisas na área de tecnologia para produção da bebida. E toda essa estrutura é que promove também a imersão do turista. Lá, o visitante acompanha o processo produtivo desde a colheita da cana, moagem para extração do caldo, filtragem, fermentação, até os grandes alambiques de cobre, onde o líquido é fervido e exposto a altas temperaturas controladas, para chegar ao produto final de muita qualidade.
 
“Fazer cachaça é um processo difícil. Fazer cachaça boa é mais trabalhoso ainda. Envolve uma série rigorosa de controles. E é isso que faz a diferença no final. Em média, após as etapas de produção, com 500 litros de caldo de cana, chegamos à produção de 50 litros de cachaça”. Paulo se preocupa com os mínimos detalhes do processo produtivo e faz questão de explicar todas as etapas. Para quem gosta de apreciar uma boa cachaça, conhecer todo processo é mais um diferencial.  
 
Blends e sabores
 
Além de toda parte estrutural diferenciada, Paulo também explora os aromas e sabores da cachaça. Investiu na parte de armazenamento. Barris de variadas madeiras garantem o diferencial final da bebida. “Investi em tonéis novos, sem uso, mas também fiz questão de pegar tonéis já usados, com a madeira já curtida, mas que tem papel fundamental no produto final”. Madeiras como a Amburana, Jequitibá-rosa e a Castanheira, são ideias para esse tipo de produção.
 
A Divina Cana oferece ainda aos visitantes a degustação com harmonização. “Uma boa cachaça merece um bom tira-gosto. E com a orientação de um chefe, elaboramos combinações para harmonizar nossas cachaças com comidas tradicionais da cozinha mineira como o torresmo, doce de leite e queijos finos”, explicou Paulo.
 
Atualmente, a cachaça Divina Cana comercializa quatro rótulos: Netuno, Febo, Vulcano e Júpiter. E lançou uma edição limitada, que já se esgotou, em homenagem a musicalidade de Três Pontas, a Divina 165.
 
Ficou com vontade de experimentar as cachaças? E de conhecer o processo de produção? As visitas podem ser agendadas pelo contato de Whats App (35)98835-5001 ou ainda pelo instagram @divinacana. A Divina Cana está localizada a 15 minutos do Centro de Três Pontas, na rodovia MG-167, sentido Santana da Vargem, Km 05.

História da Cachaça  

A história da cachaça se confunde com a história do Brasil e da cana-de-açúcar. A bebida surgiu no século XVI, ainda na época da colonização portuguesa. Uma forma diferente de se aproveitar o melaço. Seu consumo, inicialmente, era comum entre os escravos e camadas mais pobres. O produto servia como complemento alimentar para os escravizados e chegou a ser utilizado como moeda de troca. Seu consumo foi tão popularizado, que no século XVII, Portugal proibiu a produção no território brasileiro. Surgiram então as primeiras produções clandestinas, que vieram a culminar com a “Revolta da Cachaça” no Rio de Janeiro, contra o aumento de impostos. Após a revolta, Portugal reconheceu a produção e passou a controlar de perto. Além de estabelecer impostos sobre a bebida, para ajudar na reconstrução de Lisboa, destruída por um terremoto em 1755. 

Em Minas Gerais, a história da bebida também acompanha a do estado. Com a descoberta do ouro, muitos forasteiros vieram para a região. E para enfrentar o frio das montanhas, inicialmente na região da Serra do Espinhaço, a cachaça tornou-se um grande aliado. Minas hoje é responsável por 60% da produção nacional de cachaça artesanal. É a segunda bebida mais consumida no país, com 1,4 bilhões de litros/ano, englobando as diversas formas de produção.

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Luciana Félix
Supervisora de conteúdo digital do acidade on e do Tudo EP. Entrou no Grupo EP em 2017 como repórter do acidade on Campinas, onde também foi editora da praça. Antes atuou como repórter e editora do jornal Correio Popular e do site do Grupo RAC. Também atuou como repórter da Revista Veja, em São Paulo.
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