ARARAQUARA 205 ANOS – Ao longo desta semana, o acidade on irá publicar uma série de reportagens, que destacam pontos históricos de Araraquara e celebram seu aniversário.
Uma cidade pode ser comparada ao corpo humano. Quanto mais uma pessoa cresce, mais ela precisa de veias para que o sangue possa circular corretamente. Assim acontece com as cidades. As veias são como as avenidas, que são utilizadas por centenas de motoristas e pedestres todos os dias para irem de um lado para o outro.
Nesses 205 anos, as veias comerciais de Araraquara cresceram bastante, romperam os limites do centro e chegaram até os bairros – quatro delas se destacaram.
Levantamento do Núcleo de Economia do Sincomércio mostrou crescimento de 8% nos novos negócios na Rua Maurício Galli, Avenida Alberto Santos Dummond, Avenida Antonio Honório Real e na Alameda Paulista, entre janeiro e junho deste ano.
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Na zona leste da cidade, a Avenida Alberto Santos Dummond, na região do Jardim Martinez, oferece serviços, como posto de gasolina, farmácia, açougue, padaria, barbearia, pet shop, assistência eletrônica e hortifrúti.
Desta área a dona Cleuza Fernandes de Oliveira entende bem. Ela é dona de um varejão há 20 anos e viu a evolução do comércio local.
“As pessoas encontram de tudo aqui perto: padaria, açougue, varejão, farmácia. E eu vi crescer tudo isso, aumentou bastante”, explicou.
Dona Cleuza conta que há pelo menos dois anos os moradores da região passaram a utilizar ainda mais o comércio, principalmente, depois da pandemia de covid-19, que obrigou muita gente a diminuir os seus deslocamentos.
“Eu estou vendo uma mudança, parece que as pessoas estão vindo mais aos bairros”.
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A professora Sandra Regina Lima Matoso mora bem pertinho da Avenida Alberto Santos Dummond.
Ela disse que ter uma opção de comércio forte perto de casa é ótimo em tempos em que qualquer economia no deslocamento vale a pena.
“Economiza tempo, dinheiro e gasolina também”, comenta a moradora.
Distante pouco mais de dois quilômetros dali, existe outro corredor econômico fundamental: a Alameda Paulista faz com que a Vila Xavier seja praticamente uma cidade dentro da cidade.
Mas nem sempre foi assim. No começo, a Alameda era uma estrada de terra batida que servia como caminho pra passagem de bois, como lembrou o aposentado Jair Ceverino, que mora na Vila há mais 70 anos.
“No meu tempo de criança, a Alameda era uma estrada boiadeira, de terra. Então, o gado vinha de Goiás e passava por aqui. A gente via aquela boiada passando e os berranteiros com seus berrantes. A gente não chegava perto, via de longe, com medo de ser atropelado por um boi”, contou.
Hoje, em cerca de três quilômetros de extensão, tem de tudo um pouco: bancos, farmácias, dois supermercados, salão de beleza, restaurantes, lanchonetes e loja de chocolates.
Foi todo este vigor que fez com que o empresário Diego Canazaro decidisse abrir a sua segunda unidade da loja de móveis na Alameda.
“A gente vem observando que, hoje, a Alameda é um polo comercial, com farmácia, supermercado, eletro. A pessoa não precisa mais sair das proximidades da Alameda para comprar. Já virou um polo comercial”, comentou.
“É uma via que passa muito carro, tem grande visibilidade e tem vários bairros ao arredor”, completou.
No caminho do desenvolvimento, a Rua Maurício Galli já era uma importante via de tráfego de Araraquara, mas, de uns tempos para cá, os comerciantes começaram a se instalar de vez no endereço.
Eles estão de olho em quem vive em bairros, como Selmi Dei, Adalberto Roxo e Vale Verde. Os três viveram um verdadeiro ‘boom’ imobiliário nos últimos anos.
A empresária Milena Cristina Doteli percebeu essa tendência e inaugurou uma loja de produtos naturais na via em 2019.
“Nós escolhemos o corredor da Mauricio Galli, pois, praticamente, um quarto da população de Araraquara mora nessa região. São bairros que tem se expandido muito e foi por isso que escolhemos aqui”, ressaltou.
Milena contou que pesquisou e percebeu que existia uma carência na região de opções de negócios como o dela e que existia também a intenção das pessoas de evitarem grandes deslocamentos.
Segundo a empresária, para ficar ainda melhor para o comerciante, só está faltando a abertura de agencias bancárias por ali.
“As pessoas estão deixando esse costume de ir para o Centro, muita gente procura as coisas que estão no próprio bairro, principalmente, depois da pandemia”, diz.
Na região do Vale do Sol, próximo ao cemitério das Cruzes, a Avenida Antônio Honório Real é mais um exemplo de uma Araraquara que chega aos 205 anos pulsante e sendo um lugar de pessoas que constroem sonhos.
A empresária Adriana Levada Peres é dona de uma loja de artigos de presente e está feliz, pois a região fez com que o negócio dela crescesse e, hoje, já pensa em expandir.
“Deu muito certo. Eu estava em uma lojinha pequena no meio do quarteirão, graças a Deus, em um ano e meio cresci muito, expandi para uma loja ao lado e já está pequeno de novo”, afirmou.
A Adriana, como todos os comerciantes desta reportagem, gera empregos, movimenta a economia, e ajuda Araraquara a crescer todos os dias, de segunda a sexta-feira e, às vezes, trabalhando também aos sábados e domingos.
“A gente é um grãozinho de areia, mas é de grãzinho de areia que se forma uma praia”, diz a comerciante.
Em 205 anos de existência a economia de Araraquara cresceu e se diversificou para além do centro. Muito por causa da força e determinação de moradores que não medem esforços pra fazer dessa cidade um lugar cada vez melhor de se viver.