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CotidianoCrianças autistas perdem aula sem acompanhamento especializado

Crianças autistas perdem aula sem acompanhamento especializado

Falta do profissional tem afetado diferentes CERs de Araraquara; prefeitura diz que deu início ao processo de contratação de servidores

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A dona de casa Michelle Neves é mãe da Lívia de apenas quatro anos (centro) (Foto: Arquivo Pessoal)

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A dona de casa, Michelle Neves, de 40 anos, registrou um Boletim de Ocorrência denunciando a falta de agente educacional que impede a filha de frequentar o CER Professora Honorina Comelli Lia, no Jardim Imperador, em Araraquara. A Lívia é autista e tem direito ao acompanhamento profissional. 

“A gente tem que estar calçado de alguma forma. Como desde março, estou tentando conversar, perguntando, pedindo resposta e não estou tendo, a minha última opção foi o Boletim de Ocorrência. É um direito de ela estar na escola”, disse. 

Desde março, com o desligamento da profissional que fazia este trabalho, a Lívia está sem ir à creche. Neste ano, ela frequentou o CER apenas em fevereiro.

“Escola é primordial para o desenvolvimento. O autismo é muito regrado a uma rotina. A Lívia já estava super adaptável, agora, vai ter que começar tudo de novo, do zero”, completou.  

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Ícaro, de 4 anos, é filho da Monaliza Fernanda (Foto: Arquivo Pessoal)

A falta de um profissional adequado também afeta o Ícaro, de 4 anos. Há duas semanas, o garoto deixou de frequentar o CER Professora Judith de Barros Batelli, no bairro Selmi Dei. 

“Há alguns dias, eu fui levar meu filho na escola e não tinha professor. Se o meu filho fosse neurotípico, fosse ‘comum’ e não estivesse indo para a escola, o Conselho Tutelar já estava aqui na minha casa. Para mim, não é só descaso, é preconceito”, desabafou a mãe, Monaliza Fernanda Martins da Silva, 27. 

Segundo ela, o filho está excluído, inclusive, dos eventos escolares. “Neste fim de semana, teve a Festa da Família e, como meu filho não está frequentando a escola, não pôde participar”, lembrou. 

Desempregada, Monaliza também não consegue procurar emprego porque não tem com quem o Ícaro possa ficar.  

Harold Giovanny e a família, incluindo, o filho Thiago, de 5 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

O Harold Giovanny Castano Lasprilla, 34, é colombiano e está morando em Araraquara há dois anos. O filho Thiago, 5, deveria frequentar o CER Cyro Guedes Ramos, no Santa Angelina.

Além do autismo, o garoto também foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Com a falta do profissional na escola, ele foi matriculado em uma creche particular. 

“É uma bagunça por parte da administração da cidade. É algo que não poderia parar. Eu falo pelo meu filho e pelas 50 famílias que também estão esperando e que não tem condições de pagar por uma creche particular”, disse. 

“O governo não está me olhando. Uma criança com autismo pode começar a regredir, e é muito desmotivante porque nós queremos ter sucesso com nossos filhos, mas só temos abandono”, comentou. 

FALA, PREFEITURA 

Procurada, a administração municipal esclareceu “que está em curso o processo de reposição dos profissionais que atuavam no apoio a crianças com autismo nas unidades escolares mencionadas e que, por diferentes motivos, pediram demissão” e que recentemente foi dado início ao processo de contratação de 115 novos servidores para atender demandas da secretaria municipal da Educação.

Por meio de nota, afirmou ainda que, “na última reunião com o sindicato que representa a categoria, a Prefeitura propôs uma mesa de diálogo permanente para que se possa debater em conjunto com a administração municipal alternativas a problemas recorrentes de ausência de servidores no trabalho, gerando gargalos na prestação de serviços”, finalizou. 

O QUE DIZ A LEI 

A lei federal 12.764/12 garante o acompanhamento especializado em sala de aula às crianças autistas matriculadas em escola regular, seja pública ou privada, com necessidade comprovada, ou seja, com laudo médico ou relatório de um pedagogo ou psicopedagogo. 

Estes profissionais deverão apontar as necessidades de cada criança: no caso de apoio à locomoção, alimentação e cuidados pessoais, é indicado um profissional que exerça a atividade de cuidador. Já para atividades de comunicação e interação social, a indicação é por um mediador.

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Milton Filho
Milton Filho
Milton Filho é repórter da editoria de cidades do portal acidade on. Formado pela Universidade de Araraquara tem passagens pela CBN Araraquara, TV Clube Band e Tribuna Impressa. Acumula há quase 10 anos experiência com internet, rádio e TV.
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