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CotidianoFalta de água em Araraquara: veja como moradores se viram em meio ao caos

Falta de água em Araraquara: veja como moradores se viram em meio ao caos

Cortes diários no abastecimento mudam rotina e pioram qualidade de vida da população; Daae afirma que está trabalhando em novos poços para suprir a demanda

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Roberto Schiavon

Banho em casa de parente, vaso sanitário sujo, jantar à base de pão e frutas, comida em delivery e galões de água. Essas são algumas situações relatadas por moradores de Araraquara em meio aos cortes diários de água na Operação Estiagem, realizada pelo Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae) para minimizar efeitos da seca. Em nota, o Daae informa que as captações superficiais não dão conta de encher totalmente os reservatórios nesse período e que, nos últimos anos, perfurou dez poços e mais um entrará em funcionamento para auxiliar os bairros afetados (leia nota na íntegra ao final da matéria).

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Fernando Prevato, 43 anos, motorista de Uber, mora com a filha de 16 anos no Jardim das Estações. Na sua casa, a água é cortada às 19 horas e retorna às 2 horas da madrugada. “Banho só de manhã e na parte da tarde, depois não tem mais como tomar. Pra fazer comida, ou compra galão de água ou fica sem comer”, conta.

A água retorna barrenta em muitas casas

MUDANÇA NA ROTINA

Uma professora de 56 anos, que não quis se identificar, conta que sua rotina mudou totalmente há cerca de 15 dias. Ela mora no Centro com um casal de filhos e os netos, e precisa acordar todos os dias às 5 da manhã para deixar a casa toda organizada e tomar banho, porque sabe que quando voltar do trabalho, no final da tarde, não será possível fazer nada disso.

“É impossível tomar um banho e fazer um jantar depois do trabalho. Compramos água para beber e cozinhar e muitas vezes jantamos pão e frutas”, contou.

VAPOR QUENTE

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Ela disse que sua neta, de sete anos, ligou o chuveiro logo de manhã para aproveitar o horário que tem água, mas saiu um vapor quente, depois uma água extremamente suja e em seguida um líquido branco como leite. “Ela começou a gritar e chorar e acabou nem tomando banho”, acrescentou.

Ela diz que fez várias reclamações ao Daae, tanto por aplicativo quanto pela internet, além de telefonemas, mas chegou a ser atendida com ironia por um atendente. “Um rapaz me atendeu com extrema arrogância. Eu perguntei se ele, como trabalhador, não quer chegar na sua casa, tomar banho, relaxar, fazer sua comidinha e depois limpar a cozinha. Ele simplesmente respondeu que não”, relatou.

PÃO COM MORTADELA

O autônomo Tiago Buglio, 43 anos, também mora no Centro e fica todos os dias sem água, das 6 horas da manhã até 14 horas. Depois disso, não tem água pra nada, seja para beber, cozinhar, tomar um banho ou lavar roupa.

“Tenho que tomar banho todos os dias no meu pai, que mora no São Geraldo. Lá não faltou água um dia. Eu entendo a crise hídrica, mas tem que revezar esse racionamento, está muito injusto”, disse.

Quando a água retorna, ele diz que a cor é marrom ou no mínimo volta com cheiro de barro. “Pra comer, estou gastando muito dinheiro pra pedir no delivery, ou comendo pão com mortadela mesmo”, conclui.

Roupas no tanque da dona de casa Simone: esperando a água voltar pra terminar de lavar

SEM BANHO

A dona de casa Simone Aparecida da Silva, 37 anos, moradora na Vila Freitas, conta que geralmente sua casa tem água das 7 da manhã até as 15 horas, mas em alguns dias acaba mais cedo.

“Hoje acabou ao meio-dia, tivemos cinco horas de água. Já faz umas três semanas que está assim. Moro com minha filha de cinco anos e não temos caixa d’água. É difícil, a criança brinca e se suja, aí não tem como tomar banho pra dormir”, acrescenta.

No último final de semana, ela disse que ficou sem água na sexta e no sábado, e não teve como tomar banho, fazer comida ou até mesmo jogar água no vaso sanitário sujo. “É uma situação muito desagradável. O pior é que ligo várias vezes no Daae e eles não atendem”, finalizou Simone.

LEIA A NOTA DO DAAE NA ÍNTEGRA

“O Daae informa que tem trabalhado, ininterruptamente, para que a população não sofra maiores consequências devido a falta d’água, provocada por este longo período de estiagem, o maior registrado em 44 anos, no país.

No momento, as captações superficiais, represas das Cruzes e Paiol, não conseguem encher totalmente os reservatórios. Assim, bairros abastecidos por esses mananciais estão incluídos na Operação Estiagem, que visa minimizar os efeitos da ausência de chuva sobre o sistema de abastecimento de água, em algumas regiões do município.

Estão incluídos nesta operação, os bairros situados na região da Fonte, Centro, Vila Harmonia, Carmo, Jardim Imperador e parte alta da Vila Xavier.

Nos últimos anos, o Daae perfurou dez poços profundos e mais um poço, o Cruzes, que entrará em funcionamento e auxiliará os bairros citados.

A falta de água por períodos ocorre sempre nos mesmos bairros e não ocorre em bairros abastecidos por poços, salvo quando ocorrem manutenções emergenciais, que não são previstas e podem ocorrer em qualquer dia e horário.

O abastecimento por água superficial sempre foi suficiente para abastecer  essas regiões, não havendo necessidade de perfuração de poços nesses locais, considerando-se estudos técnicos para os próximos seis anos.

Mas, devido a falta de chuvas há 175 dias, o abastecimento continua prejudicado nesses bairros e o Daae distribui a água conforme consegue captá-la e, para melhorar e regularizar o sistema de distribuição de água, será necessária chuva com bom volume. O Daae já tem planejado para os próximos anos a perfuração de sete poços, onde a estiagem atuou, em 2024.

Sobre o atendimento via 0800 602 2324, o Daae prioriza a excelência no atendimento. As são equipes treinadas, bem orientadas e todos os contatos são gravados, justamente para que desvios no atendimento sejam corrigidos e melhorados.

As reclamações encaminhadas pelo portal AcidadeOn, via 0800, foram verificadas pelo Daae. Durante o atendimento, as atendentes foram educadas, atenciosas, pacientes e solícitas com a usuária que, por sua vez, encontrava-se muito alterada e que, no final dos atendimentos, agradece a atenção das atendentes.”

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