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CotidianoFederação repudia líder religioso preso em Araraquara e diz que terreiro era 'clandestino'

Federação repudia líder religioso preso em Araraquara e diz que terreiro era ‘clandestino’

Afecumsol condenou as práticas denunciadas por quatro vítimas; entidade representa 420 terreiros de matriz africana

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Após a prisão de um líder religioso, suspeito de abusos sexuais em um terreiro de umbanda, em Araraquara, a Afecumsol (Associação Federativa Espiritualista de Candomblé e Umbanda Morada do Sol) emitiu uma nota de repúdio nesta sexta-feira (3), condenando as práticas denunciadas por quatro vítimas.

“Não compactuamos com prática de feminicídio, abuso sexual, pedofilia e qualquer outro crime que possa existir dentro ou fora da nossa prática religiosa”, disse.

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A entidade representa 420 terreiros de matriz africana, sendo 200 deles apenas em Araraquara. “Não é correto generalizar, até porque o mesmo que está sendo investigado não faz parte de nenhuma federação, ou seja, não é credenciado como sacerdote, abrindo um terreiro clandestino”, completou.

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Ao acidade on, José Francisco Tomé dos Santos, presidente da Afecumsol e dirigente do Templo de Umbanda Índio Pedra Preta e Cabocla Cati, reafirmou que o homem investigado pela polícia não era legalizado junto à entidade.

“Esta pessoa já tem 20 anos como dirigente, mas nunca foi legalizada a nenhuma federação, sempre trabalhou por conta e nunca participou de uma reunião, de uma orientação, dos cursos. Sabia da existência desta pessoa, mas não sabia desta prática [criminosa]”, disse.

O dirigente contou que foi procurado por uma das vítimas e a orientou a fazer a denúncia, oferecendo, inclusive, suporte jurídico dos advogados da associação. “A gente não tem um controle [sobre as casas], mas ele não tem o respaldo da Federação. Para nós, ele é um terreiro clandestino. O que ele fizer é de responsabilidade dele”, afirmou.

DDM apreendeu diversas armas brancas no local (Foto: Gabriela Martins/ acidade on)

UM GOLPE

Para Tomé dos Santos, este tipo de prática impacta negativamente em toda religião e casas espíritas que realizam um trabalho sério. “A umbanda recebeu um golpe, o espiritismo recebeu um golpe. Tanto trabalho lindo que várias casas fazem e um mau zelador manchou todinho. Já somos prejudicados, não somos bem vistos pela sociedade. Vamos ter que começar a remar tudo novamente“, comentou.

“A gente não pode deixar denegrir a nossa imagem, um trabalho lindo, maravilho, que tantos chefes fazem por causa de uma ovelha negra infiltrada dentro da nossa religião”, completou.

SEM CONTATO FÍSICO

Segundo Meirelene de Castro Rodrigues, delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), o modus operandi do autor era o mesmo nos quatro casos denunciados, utilizando a fé das vítimas como desculpa para praticar os abusos.

“Várias vítimas sofreram abusos sexuais praticados pelo autor alegando estar incorporado por uma entidade”, explicou.

Mas o dirigente reforçou que dentro dos terreiros de umbanda e candomblé não há qualquer contato físico. “Até um passe, hoje, não tem necessidade de passar a mão na pessoa. Com um palmo longe, conseguimos dar um passe mediúnico, sem relar”, afirmou.

Segundo ele, qualquer prática que fuja dos valores de paz, amor e caridade, precisa ser vista com desconfiança. “Não existe contato físico. Se tiver, é um alerta de que não é uma pessoa séria, de que está se passando por incorporado, está sendo um sem-vergonha. Você não pode ceder à tentação da carne, está lá para ser um orientador espiritual”, lembrou.

O líder religioso preso na última terça-feira (30) é investigado pelos crimes de violação sexual mediante fraude, estupro de vulnerável e importunação sexual. Ele está detido temporariamente na Cadeia de Santa Ernestina. Mas a prisão ainda pode ser convertida em preventiva pela Justiça.

Mãe de duas vítimas denunciou o líder religioso (Foto: Reprodução/ EPTV)

TRABALHO SÉRIO

O presidente da Afecumsol explicou ainda que os terreiros legalizados têm certificados com o nome da federação, sendo o zelador da casa credenciado.

Segundo ele, a associação avalia o tempo de mediunidade e o preparo dos dirigentes antes de credenciá-los. Geralmente, eles são assíduos frequentadores, com mais de sete anos de casa.

Outra ponderação é o título de Pai de Santo. “Ninguém pode se autointitular Pai de Santo. Isso é dado pela pessoa que o desenvolveu, que viu o seu grau de desenvolvimento, que o preparou”, explicou.

Tomé dos Santos pediu ainda que as vítimas denunciem o líder religioso. “A gente recebe muita pessoa carente, querendo ouvir uma palavra de conselho, de orientação, e uma pessoa acaba usando a fé da pessoa para fazer maldade. Temos que tirar estes maus zeladores da nossa religião. A umbanda, o candomblé procuram a paz e evolução espiritual”, concluiu.

RELATOS DAS VÍTIMAS

Segundo a advogada que denunciou os crimes, Priscila Gomes, o líder religioso agia da mesma forma, conquistando a confiança, principalmente dos pais das vítimas.

Dentre as vítimas, estão duas irmãs, de 13 e 17 anos. Sem se identificar, a mãe contou que o homem se aproveitava da religião para se envolver com as filhas.

“Ele dizia estar apaixonado, que eles se amavam, que era o encontro de outras almas, que era encontro de entidades e que eles precisavam dessa troca de energia até mesmo para que ele pudesse fortalecer e ajudar outras depois. Depois, ela disse que ele foi ficando mais agressivo e, quando ela realmente falou que não queria mais, ocorreram os estupros. Ele a machucava, a mordia, forçava.”

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Milton Filho
Milton Filho
Milton Filho é repórter da editoria de cidades do portal acidade on. Formado pela Universidade de Araraquara tem passagens pela CBN Araraquara, TV Clube Band e Tribuna Impressa. Acumula há quase 10 anos experiência com internet, rádio e TV.
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