“As pessoas passam pela praça, não convivem na praça. Então, ali não tem o alimento para ele [mosquito transmissor da dengue]”, disse a secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain, sobre críticas relacionadas à falta de manutenção em praças e prédios públicos.
A declaração foi dada ao portal acidade on, após questionamento sobre a informação divulgada pelo poder público de que 80% dos criadouros estão em casas habitadas.
“Mosquito gosta de viver onde tem o maior volume de pessoas, tem preferência muito grande pelas casas. Ele tem hábito antropofílico, ou seja, vive perto do homem, viva na área urbana”, completou.
Segundo a secretária, o poder público chegou a este percentual após inspecionar imóveis, públicos e privados, e constatar a prevalência de criadouros em casas em que há moradores. “Onde tem o maior número de densidade populacional é onde tem a maior oportunidade de alimentação e mais locais para desovar”, justificou.
NOVOS NÚMEROS
Até o momento, já são 6.119 casos de dengue, incluindo, dez mortes. Com número crescente de notificações, a cidade se aproxima da segunda maior epidemia, registrada em 2015, com 8.242 infectados.
Eliana Honain defendeu que a assistência médica está organizada. Porém, existe uma relação de agravamentos em pacientes que já tiveram a doença anteriormente.
“Quando a pessoa teve dengue mais de uma vez, ela pode realmente ter o quadro agravado. Desde que a gente percebeu o número crescente de casos, a nossa assistência foi organizada, abrimos o centro de hidratação com atendimento diferenciado, com retorno agendado”, defendeu.
Na atual e na última epidemia circularam os vírus tipo 1 e tipo 2, respectivamente. Ou seja, a preocupação é com uma nova epidemia ainda mais grave nos próximos anos, caso os vírus tipo 3 ou tipo 4 comecem a circular e infectar a população ainda vulnerável.
“Com certeza. Isto esta descrito em todos os estudos clínicos e epidemiológicos. Por isso precisamos trabalhar muito para não termos os mosquitos e criadouros”, disse a secretária.
MORTES
De acordo com Eliana Honain, das dez mortes por dengue registradas neste ano em Araraquara, sete foram na rede privada, duas no sistema público e uma em casa.
Ela afirmou que não houve desassistência e que atribuiu os números da epidemia às investigações e diagnósticos de pacientes com a doença.
“A gente investiga todos os óbitos. Se a pessoa está com dengue, a gente classifica realmente como dengue. Então depende muito desta classificação”, afirmou.
“Nós aqui, buscamos suspeitos, fazemos o diagnóstico. Tem município, infelizmente, que não consegue nem ter acesso ao exame. As mortes, nós classificamos corretamente; têm outros municípios que têm outra maneira de classificar”, concluiu.
EFEITOS PANDÊMICOS
Outro ponto apresentado é o “cenário piorado pela pandemia”. “As pessoas circulavam muito pouco, ficavam em casa, cuidavam de seus quintais. A gente teve uma dificuldade para adentrar as casas neste período, mas, continuamos trabalhando”, justificou.
“Agora, pessoas doentes estão circulando em grande número pela cidade e, com presença do mosquito, os casos aumentam”, completou.
AÇÕES EMERGENCIAIS
Eliana Honain afirmou que 400 mil vistoriais foram realizadas em imóveis da cidade. Em alguns casos, os agentes estiveram mais de uma vez no mesmo local.
Segundo a secretária, as ações como vistorias, nebulizações e fumacês têm ajudado a controlar a epidemia. Somente nos mutirões, mais de mil toneladas de lixo e outros materiais foram retirados.
“A gente tem feito o nosso papel, mas é cíclico [dengue], tivemos um grande quantitativo de chuva em dezembro, e como tem o criadouro e a circulação de pessoas, tem esta situação”, defendeu.
A previsão da secretária é que com a queda nas temperaturas e a proximidade do inverno, a situação comece a mudar, já que não são condições ideais para a circulação do mosquito.
Ela finalizou a entrevista ressaltando que todos são responsáveis no enfrentamento à doença. “Cada um precisa fazer a sua parte para manter os locais limpos para não ter criadouros do mosquito da dengue. A gente tem que trabalhar muito para não ter o mosquito ou os criadouros dele. É o nosso grande desafio”, concluiu.