*Por João Vitor Segura
29 de Julho de 2023. Era mais um sábado comum. A Ferroviária enfrentava o Hercílio Luz na primeira partida do mata-mata da Série D. A apreensão era grande: em caso de eliminação, em 2024 não haveria Campeonato Brasileiro para a equipe grená. Mas, em caso de classificação, a esperança pelo tão desejado acesso seguia acesa nos corações afeanos.
Líder do Grupo 8 da competição, a equipe catarinense esbanjava uma invencibilidade de 636 dias sem perder no estádio Aníbal Costa, em Tubarão-SC. Enquanto isso, a Locomotiva vivia um momento conturbado, tendo se classificado para o mata-mata na “bacia das almas”.
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Na partida de ida, um empate. Um primeiro tempo avassalador da Ferroviária, que só tinha olhos para o gol defendido por Rafael Pin, e não se assustava diante do “bicho papão” que aparentava ser o Hercílio Luz.
Os comandados de Alexandre Lopes brigavam “pau a pau pela bola”, como disse o próprio treinador em vídeo postado pelo clube. E surtiu efeito: após boa troca de passes Paulinho Santos encontrou Vitor Barreto livre na área, para abrir o placar de cabeça ainda no primeiro tempo. Essa bola teria saído na linha de fundo, mas como não temos VAR na competição, o gol foi marcado do mesmo jeito.
O ritmo de jogo da Ferroviária caiu drasticamente na segunda etapa. Não à toa que a equipe adversária empatou o jogo e levou a decisão para Santa Catarina, onde a invencibilidade leonina prevalecia.
Conquistar a classificação em Tubarão seria um roteiro de filme: o time se classifica para o mata-mata na última rodada pela combinação de resultados, enfrenta uma das equipes mais fortes da competição que está invicta dentro de sua casa há quase dois anos e elimina o clube lá mesmo. Seria louco né?
A Ferroviária era o azarão do jogo. Uma equipe inconsistente, frente a um tabu gigantesco e que via seus jogadores jogando no sacrifício, guerreando a todo instante, com um desejo indescritível de conquistar essa classificação, mas sem resultados brilhantes dentro de campo.
Na partida de volta, um cenário similar ao visto em Araraquara: dominante no primeiro tempo, a Locomotiva abriu o placar quando o cronômetro marcava um minuto com Antônio, que foi titular apenas no segundo encontro entre as equipes. Mas que merecia a posição entre os 11 principais já no primeiro confronto.
A segunda etapa também foi parecida. A queda vertiginosa no desempenho da Ferroviária possibilitou a virada ao Hercílio Luz, que passou na frente do marcador depois de um baque sofrido pela equipe de Alexandre Lopes, claramente nervosa no fim do jogo.
Mas, a Ferroviária não estava morta. Ela nunca esteve. Quando as luzes se apagavam, quando os sons de “eliminado” ecoavam no estádio Aníbal Costa, quando a Locomotiva parecia desabrochar, quando o relógio marcava 51 minutos, já passados os acréscimos determinados pelo árbitro, Pablo Gabriel desvia o cabeceio de Mailson, empatando a partida no último lance de jogo.
A interminável equipe grená estava mais viva do que nunca. E essa afirmação veio nos pênaltis. Além da sorte, a Locomotiva contou com a defesa de Saulo e com as conversões de Pilar, Lucas Rodrigues, Mailson e Pablo Gabriel para avançar à próxima fase.
E quem diria, quem diria que o time que tinha cinco empates e uma derrota no primeiro turno estaria classificado para a terceira fase da Série D. E ainda de quebra eliminando uma das equipes que mais pontuou no torneio.
Agora, o foco continua. A Locomotiva encara o Grêmio Anápolis na próxima fase. E, dito pelo treinador Alexandre Lopes, “nada supera a força do trabalho”.
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