O prefeito de Araraquara Edinho Silva (PT) publicou em uma rede social na manhã deste sábado (7) uma foto abraçando a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ela é uma das supostas vítimas de assédio sexual que teria sido praticado pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
Edinho Silva repetiu o mesmo gesto que foi feito pela primeira-dama Janja da Silva, na sexta-feira (6), que publicou uma foto beijando a testa da ministra, porém sem fazer qualquer menção às denúncias.
O registro postado pelo prefeito nos stories – publicação que tem duração de apenas 24 horas – foi feito em novembro do ano passado em Araraquara, durante presença de Anielle Franco na inauguração do Centro de Cultura das Religiões de Matrizes Africanas “Genny Clemente”.
DENÚNCIAS
A denúncia de suposto assédio sexual foi publicada na última quinta-feira (5) pelo portal Metrópoles, colocando a ministra Anielle Franco entre as vítimas de Silvio Almeida.
Segundo a reportagem, o ex-ministro foi denunciado por mulheres à Organização Mee Too Brasil, que dá suporte a vítimas de abuso sexual.
Após a repercussão, a ONG publicou uma nota confirmando as denúncias de assédio sexual por ex-integrantes do ministério, porém omitindo o nome das denunciantes sob o argumento de que era preciso protegê-las.
Na sexta-feira (6), Anielle se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para explicar as denúncias que vieram a público. Silvio Almeida também foi ouvido pelo presidente, em encontro que culminou em sua demissão do Ministério dos Direitos Humanos.
Após a demissão, a ministra da Igualdade Racial, se manifestou pela primeira vez, pediu respeito à privacidade e disse que ajudará nas investigações. Ela também defendeu o presidente, alegando que “o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo”.
“Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi”, publicou.
A ministra afirmou que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”. “Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada“, completou.
O OUTRO LADO
Enquanto ainda era ministro, Silvio Almeida publicou uma nota oficial pelo ministério dos Direitos Humanos, na qual rechaçou as acusações e disse que toda denúncia deve ser apurada, mas destacou a necessidade de provas.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, reagiu em nota.
“Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, completou.