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CotidianoAtaques em escolas: pesquisadora de Campinas mapeia 23 casos no Brasil desde 2002

Ataques em escolas: pesquisadora de Campinas mapeia 23 casos no Brasil desde 2002

Amparo de grupos virtuais a discursos de ódio e banalização da violência é citado entre explicações para crimes cometidos por alunos e ex-alunos; veja os dados e a opinião da especialista

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Último caso na região de Campinas aconteceu em fevereiro em uma escola de Monte Mor (Foto: Reprodução/EPTV Campinas)
Último caso na região de Campinas aconteceu em fevereiro em uma escola de Monte Mor (Foto: Reprodução/EPTV Campinas)

Uma pesquisa feita pela advogada e mestranda em Educação pela Unicamp, em Campinas, Cléo Garcia, mostra que o Brasil teve 23 ataques em escolas desde 2002. O levantamento considera crimes cometidos por alunos e ex-alunos e já inclui o caso registrado na última segunda-feira (27), em São Paulo, no qual uma professora morreu e outras quatro pessoas ficaram feridas.

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Com o título “Ataques de violência extrema em escolas no Brasil”, o estudo ainda está em andamento e aponta que o total de vítimas fatais chega a 30 em 21 anos. Além disso, nove das ocorrências foram registradas em menos de um ano, entre o segundo semestre de 2022 e ontem. O ataque a bombas ocorrido em fevereiro em Monte Mor, na região de Campinas, também é contabilizado.

O trabalho foi feito pelo IdEA (Instituto de Estudos Avançados), da Faculdade de Educação da Unicamp, e também teve a participação do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral), que também conta com o envolvimento de pesquisadores e professores da Unesp. Confira os números:

Ataques

Escolas estaduais: 12
Escolas municipais: 7
Escolas particulares: 4

Vítimas fatais

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Estudantes: 24
Professores: 4
Profissionais de educação: 2

Motivação

Vingança, raiva
Usuários de cultura extremista

 

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O QUE EXPLICA?

De acordo com Garcia, alguns comportamentos podem ser citados como estopins. Entre eles, o amparo aos discursos de ódio e à banalização da violência em fóruns, chats virtuais e redes sociais. “É onde esses adolescentes acabam encontrando reconhecimento, acolhimento, aceitação e até um estímulo pra cometer esse tipo de ataque”, afirma em entrevista à rádio CBN Campinas.

O bullying cometido ao longo da trajetória escolar dos autores dos crimes também é lembrado por ela como causas para a radicalização dos jovens e adolescentes, assim como a cooptação através de chats disponíveis em jogos virtuais. Apesar disso, segundo ela, os jogos e o desejo de vingança, sozinhos, não podem ser considerados como causas, já que o problema é mais complexo.

“Milhões de crianças e adolescentes jogam e nem todos cometem ataques. O que acontece é que alguns jovens entram em chats de jogos e se sentem acolhidos. Ali eles são vistos. É uma cooptação com discursos radicalizados e o discurso de ódio acaba cooptando pessoas que já estão em uma realidade com vários fatores que fazem com que ela procure aquele tipo de acolhimento”, opina Cléo Garcia.

‘DESRADICALIZAÇÃO’

Para a advogada, um fator preocupante é o fato desses discursos e conteúdos extremistas serem facilmente encontrados em perfis e grupos nas redes sociais. Antes, imagens e textos deste tipo só eram encontrados na chamada deep web. Além disso, ela se preocupa com o que está sendo feito para tratar autores de ataques, porque acredita que muitos não deixarão de ter visões radicalizadas.

“Nós precisamos estar prontos para prevenir esses tipos de ataques e também tratar aqueles que já aconteceram, porque esses adolescentes estão em desenvolvimento. É necessário um trabalho de prevenção, mas também um trabalho de ‘desradicalização’, que hoje nós não temos no Brasil”, pontua ela.

‘VAI ACONTECER DE NOVO’

Questionada sobre a afirmação da sua orientadora, a professora Telma Vinha, de que novos ataques em escolas vão acontecer no País, Cléo Garcia concorda e lamenta a realidade. Segundo ela, não é possível prever quando os crimes vão acontecer. “Por todo o contexto que conhecemos e o acesso fácil a armas. Talvez é preciso haver um maior preparo da comunidade escolar e da família de entender o porquê esse menor mudou o comportamento”, argumenta Garcia.

“No Brasil, não temos nem protocolo e nem políticas públicas pra tratar fenômenos deste tipo. Neste caso de ontem, por exemplo, alguns alunos disseram que ele postou ameaças. Então, qual protocolo temos em casos assim? E quais são os cuidados a serem tomados nessa escola após esses crimes? Os traumas perduram por anos para as vítimas diretas e indiretas”, finaliza.

 

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