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CotidianoSem descanso e medo de acidentes: pesquisa traça estilo de vida dos motoboys de Campinas

Sem descanso e medo de acidentes: pesquisa traça estilo de vida dos motoboys de Campinas

Estudo revelou que um quarto dos motoboys afirma dormir até cinco horas por noite, enquanto 65,7% dizem ter sofrido algum tipo de acidente no trabalho em Campinas

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Um balanço feito pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com 200 motoboys de Campinas mostra que mais da metade deles já sofreu acidente no trânsito e trabalha de seis a sete dias na semana.


A jornada também afeta outros pontos da qualidade de vida desses motociclistas, segundo a pesquisa. Mais de 66% dos entrevistados bebem até 1,5 litro de água durante o horário de trabalho, e 38% não chegam a 1 litro consumido por dia.


O quadro, explica a professora da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp , Silvia Maria Santiago, resultava de uma rotina exaustiva em que o acesso a banheiros e a disponibilidade de água fresca para beber eram restritos.


Além disso, a pesquisa revelou uma frequência de casos de pressão arterial acima do patamar considerado ideal. Em 44% dos motoboys de Campinas, a medida da pressão arterial aferida ficou igual ou superior a 140/90.



“Isso significa o dobro do que se vê na população brasileira”,

afirmou a pesquisadora

Para completar, os motofretistas com mais de quatro anos de mercado tiveram mais alterações na pressão arterial.

“Isso pode indicar que, depois de passar um tempo nessa ocupação, começa a haver uma degradação da saúde com o risco de desenvolver mais cedo um problema de hipertensão arterial, uma doença crônica”, alertou.

Motoboys de Campinas: acidentes de trânsito é realidade constante

Segundo Santiago, o índice de entregadores que declarou ter sofrido acidente de trânsito enquanto trabalhava superou o esperado.

Se em 2021 o índice já era excessivo (cerca de 45%), passados dois anos a situação se tornou alarmante: 65,7% dos entregadores atendidos durante a ação de 2023 afirmaram ter se acidentado pelo menos uma vez na vida enquanto trabalhavam.

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Por acidente, referiam-se especificamente aos incidentes que os impediam de trabalhar. Simplesmente cair da moto ou ralar alguma parte do corpo, pontua Santiago, eram ocorrências desconsideradas e descritas como algo característico de suas rotinas. “Quando a gente pensa em uma atividade laboral, nada chega perto de 65,7%. É uma tragédia.”

Uma jornada sem descanso


Um quarto dos participantes da pesquisa afirmou dormir no máximo cinco horas por noite, uma realidade relacionada ao fato de permanecerem disponíveis para atender aos chamados de entrega, explica a socióloga Ludmila Abílio.


“A uberização transforma todo tempo em tempo de trabalho. Se o trabalhador está em casa, logado no [conectado ao] aplicativo, vai atender à noite. Inclusive, durante a madrugada, há horários em que entram mais corridas”,

afirmou.

De acordo com a socióloga, as plataformas digitais se valem da falta de regulação para adotar um modelo de operação nebuloso, em que as regras não estão claras para quem trabalha e, portanto, podem ser alteradas sem anúncio prévio ou esclarecimentos.

“Como consequência dessa dinâmica, o motoboy passa a organizar todo o seu tempo em torno dessas determinações, que não são definidas, mas obscuras – e que vão mudando. Ninguém o contratou, ele não ganha hora extra ou adicional noturno, no entanto sua vida vai sendo estruturada e colonizada pelo trabalho.”


É preciso mais políticas públicas

Com os dados da pesquisa, Santiago espera que as autoridades possam amparar políticas públicas dirigidas a esses trabalhadores.

“Acho que nós, como sociedade, não podemos conviver com pessoas tão próximas, que às vezes nos auxiliam tanto, mas com condições de trabalho tão ruins”, finalizou.

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Laura Nardi
Laura Nardi
Assistente de Mídias Digitais no ACidade ON Campinas. Graduanda em Jornalismo pela PUC-Campinas, tem passagem pelos portais Tudo EP e Jornal de Valinhos. Adentrou no Grupo EP em 2023 e atua nos conteúdos digitais, enfaticamente com a parte textual.
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