O ex-presidente da Câmara de Campinas, o vereador Zé Carlos (PSB), recusou o novo agendamento de oitiva da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura supostas cobranças de vantagens indevidas para prorrogação de contratos de empresas terceirizadas. O ex-presidente é investigado no caso.
Na segunda-feira (27), ele já havia recusado sua presença no depoimento. O novo encontro está marcado para esta sexta-feira (3), a partir das 14h. De acordo com os advogados do vereador, ele irá apenas se manifestar perante o MP (Ministério Público).
“Entendendo a importância das apurações, agradece pelo agendamento de nova oportunidade para que seja ouvido. Contudo, novamente por orientação de sua defesa técnica, reitera o posicionamento anterior, no sentido de que aguardará para se manifestar apenas perante o Ministério Público, quando da designação de data para sua oitiva por aquele órgão, razão pela qual não comparecerá à sessão agendada”, diz trecho da petição.
LEIA TAMBÉM
Comerciantes de Joaquim Egídio relatam prejuízos com quedas de energia frequentes, em Campinas
Homem anuncia MacBook na internet e acaba roubado por falso cliente em Monte Mor
Segundo o presidente da CPI, o vereador Paulo Gaspar (Novo), essa será a última reunião antes da confecção do relatório.
“Marcamos uma nova oitiva do ex-presidente da Câmara para a sexta, apenas para oferecer a ele mais uma chance de dar o seu lado dos fatos, o que entendemos que seria importante inclusive para ele. Contudo, ocorrendo ou não o depoimento, já devemos encerrar os trabalhos na sexta-feira mesmo e será iniciada a confecção do relatório, que deve ser finalizado em até dez dias”, disse presidente da CPI.
Gaspar ainda acrescentou que, após a finalização do relatório, ele deverá ser aprovado dentro da própria comissão para, na sequência, ser levado para votação do plenário. “Cabe ainda esclarecer que, caso o relatório proponha uma medida mais dura como, por exemplo, a cassação do mandato do vereador Zé Carlos, a mera aprovação em plenário não equivale à cassação: terá de ser criada uma Comissão Processante com esse fim”, explica.
Além de Zé Carlos, o advogado Rafael Creato é acusado pelo Ministério Público no caso de pedido de propina para renovar contratos. Creato foi subsecretário de Relações Institucionais da Casa de Leis durante a gestão de Zé Carlos.
A CPI já tem em mãos o depoimento em vídeo, com cerca de 40 minutos, do ex-subsecretário. A CPI solicitou, em ofício, que o próprio Legislativo, que dispõe de um departamento específico da área, realize a transcrição. Creato prestou depoimento ao MP (Ministério Público) e a Câmara leu este conteúdo no dia 15 de fevereiro – veja mais abaixo.
DEPOIMENTO DE RAFAEL CREATO
A Câmara Municipal de Campinas fez a leitura no último dia 15 e divulgou trechos:
“Sempre desempenhei meus trabalhos, e… posso falar sobre os autos que eu tive conhecimento já ou não? Tá. Então, hoje eu tive conhecimento, eu acompanhei um trecho da CPI da oitiva do Celso, tudo que saiu na mídia, sabe, ele contou muita mentira, muita mentira, sabe? Eu fiquei totalmente… enfim, não aconteceu dessa forma”, disse Creato na transcrição.
Ainda de acordo com o subsecretário, as conversas registradas durante o processo nunca foram realizadas com o objetivo de obter vantagens ilícitas.
“Mas em momento algum [ininteligível], confirmo o que foi falado nos autos, a conversa, se isso é uma confissão que o senhor falou, eu confirmo tudo o que eu falei, mas o intuito nunca foi de obtenção de qualquer vantagem ilícita para mim ou para o Zé Carlos”, finaliza.
LEIA MAIS
