A morte da adolescente Anaele da Silva Inocênio, de 16 anos, revolta a família da jovem, que acusa o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, em Campinas, de negligência. Segundo os irmãos dela, a menor faleceu no local no último dia 18 após passar outras quatro vezes por serviços municipais de saúde. O diagnóstico de pedra na vesícula só foi confirmado após um exame particular (veja abaixo).
De acordo com os parentes, Anaele procurou o Hospital Mário Gatti pela primeira vez no dia 31 de julho, quando reclamou de dores abdominais e no corpo. Naquele dia, segundo a família, a jovem passou por exames, recebeu soro e foi liberada após receber o diagnóstico de anemia. Em 6 de agosto, porém, ela voltou à unidade, onde novamente recebeu soro. Ela foi liberada um dia depois.
Cerca de 10 dias depois, em 16 de agosto, a adolescente foi levada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) São José, onde passou por exames e recebeu alta. No dia seguinte, os familiares decidiram pagar por um exame de ultrassom particular, que constatou pedras na vesícula e a necessidade da realização de uma cirurgia.
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Laudo ignorado e morte
Ainda conforme o relato dos irmãos de Anaele, no mesmo dia em que receberam o resultado do exame, a jovem e a mãe retornaram ao Mário Gatti por volta das 12h. No local, o laudo que apontava o problema foi apresentado aos profissionais de saúde. Mas o documento teria sido ignorado pelas equipes.
No dia 18, Anaele voltou a procurar o hospital. De acordo com a família, ela foi atendida por volta da meia-noite e morreu às 5h50. Durante a internação, segundo a mãe, ela não pôde ser acompanhada, mesmo sendo menor de idade. Após a morte, por volta das 10h, não soube dizer o que teria causado a morte.
O laudo emitido pelo serviço de saúde, no entanto, aponta como possíveis causas acidose metabólica, intoxicação por paracetamol, pancreatite ou insuficiência renal aguda. Por conta disso, um exame toxicológico foi solicitado ao IML (Instituto Médico Legal). O resultado só deve ficar pronto em 60 dias.
“Minha mãe relata que falavam ela era jovem e forte. Então, foi falta de dar ouvidos para uma menina. Foi falta de acreditar no que ela estava falando e, na minha opinião, foi insistência no erro”, afirma o irmão dela, Renato Oliveira.
Hospital se manifesta
Em entrevista à EPTV Campinas, o diretor técnico do hospital, Carlos Arca, afirmou que o caso da adolescente foi considerado um quadro de “situações não graves” durante as avaliações preliminares feitas durante os atendimentos.
“Foram feitos exames laboratoriais e radiológicos com alterações inespecíficas. Ela foi medicada no momento, foi orientada e infelizmente teve esse desfecho não esperado por todos nós. Essa investigação vai ser aprofundada, vamos analisar toda a documentação e os fatos”, informou ainda durante a entrevista.
Em nota sobre o assunto, a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar lamentou a morte e alegou que um procedimento interno foi aberto no dia 18 para apurar o caso. “Assim que for concluída a investigação, se forem constatadas irregularidades, serão tomadas as providências necessárias. O processo de investigação deve durar 60 dias”, conclui o texto da assessoria.
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