O grupo armado que fez disparos e ameaçou pessoas negras no Bar do Ademir, próximo à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, também fez disparos que atingiram clientes de outro bar, em Paulínia.
A informação foi confirmada pela GM (Guarda Municipal) da cidade nesta segunda-feira (9). De acordo com a corporação, duas pessoas foram atingidas. A Polícia Civil de Campinas diz que apura a relação dos crimes em as duas cidades (leia mais abaixo).
A GM de PaulínIa informou que uma das vítimas foi baleada no abdômen e outra foi atingida com tiros no pé e na mão direita. Eles ainda seguiram para um terceiro bar, onde foram detidos pela Guarda Municipal. Um deles permanece preso.
De acordo com a GM de Paulínia, após o caso no distrito de Barão Geraldo, o grupo passou pelo bairro Real Parque, em Campinas. Depois, seguiu para a outra cidade. No primeiro bar de Paulínia, um deles sacou a arma e efetuou os disparos, sem um alvo definido.
Segundo a GM, eles falavam palavras desencontradas, o que leva a hipótese de influência de bebida alcoólica ou drogas. Além disso, neste bar em Paulínia, os homens diziam que os clientes eram de motoclubes concorrentes aos deles.
Já no segundo bar, o grupo teria perdido a arma, mas continuou a ofender os clientes. Neste momento, os homens sacaram o carregador e o apontaram para as pessoas. Ainda no local, os populares acionaram a GM, segurando o grupo.
A equipe já estava a caminho, por conta dos tiros efetuados no primeiro bar, disse a Prefeitura de Paulínia. Após o caso, um dos envolvidos ficou preso e passou por atendimento médico, pois levou socos. O outro envolvido foi liberado. A arma do preso era registrada e legalizada.
Para testemunhas, os atos foram racistas. Algumas relataram que um dos homens exibia um símbolo nazista, um suástica, nas vestes. O MP (Ministério Público) investiga o caso (leia mais abaixo).
POLÍCIA
Hoje, a Polícia Civil de Campinas disse que ainda não há confirmação de que o indivíduo preso em Paulínia estaria envolvido no crime ocorrido em Campinas e alega que investiga a informação.
Além disso, há boletins de ocorrência registrados no 1º DP (Distrito Policial) de Campinas, sobre disparos de fogo no bar de Barão Geraldo, e o no 7º DP, no distrito. A Polícia Civil investiga apuração dos disparos de arma de fogo e confirmação de sua autoria.
Em Paulínia, também houve registro de boletim de ocorrência sobre o histórico narrado pela GM.
MP INVESTIGA
Ainda hoje, o MP (Ministério Público) de Campinas instaurou um procedimento para apurar ato de racimo após um grupo com símbolo nazista fazer disparos e ameaçar negros em Barão Geraldo. Isso porquê testemunhas disseram que um dos homens estava com um símbolo nazista, um suástica, nas vestes.
Segundo o promotor Daniel Zulian, os suspeitos já foram identificados. Ainda de acordo com o MP, o objetivo da investigação da Promotoria de Direitos Humanos é apurar possível dano moral coletivo na ação ilícita e identificar possível grupo neonazista por trás do ato.
No sábado (7), a SSP (Secretaria de Segurança Pública de Campinas), informou que as equipes policiais iniciaram as investigações, com os levantamentos necessários para identificação dos autores e esclarecimento do crime.
Já nesta segunda, o proprietário do bar, que não quer ser identificado, registrou um boletim de ocorrência e disse que vai ao 7º DP (Distrito Policial) na parte da tarde. Ele relatou levar tapas ao tentar defender um funcionário negro.
RELATOS
A testemunha que prefere não se identificar conta que três homens pararam o carro no meio da rua e desceram ameaçando um funcionário do bar de Barão Geraldo, que tem origem africana. O caso foi por volta de 22h de sexta (6).
“Eu olhei pro lado e eu vi um rapaz dando um soco no dono do bar. Aí o dono do bar segurou a mão dele. Aí os outros dois entraram no carro e ele puxou um revólver. Atirou, deu três tiros pra cima e começou a fazer, a imitar um macaco. Na minha opinião, tem conotação racista, porque além disso ele apontou a arma pro DJ, que também é negro e estava dentro do bar”, disse.
O dono do bar afirmou que os homens queriam levar o funcionário dentro do carro, e que ele tentou impedir. “Eu fui tentar apartar a confusão no momento que esses indivíduos tiraram o revólver da cintura e começaram a me ameaçar. Eu cheguei a levar dois socos no rosto e entrei no bar, né. Assim que eu retornei, já houve três disparos e eles foram embora”, disse. (Com informações da EPTV Campinas)