Cerca de dois dias após confirmar a primeira morte por dengue em 2023, a secretaria de Saúde de Campinas divulgou nesta quarta-feira (12) que a cidade vive uma epidemia da doença. Até o momento, de acordo com a pasta, 2.798 infecções foram registradas no município. O total equivale a 13,41% de aumento em relação ao balanço do dia 10, quando 2.467 casos foram informados.
De acordo com a diretora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) de Campinas, Andrea von Zuben, a confirmação da epidemia é necessária não só para alertar a população e os serviços de saúde da cidade, como também para avisar aos governos estadual e federal que a cidade está “em alerta máximo”.
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A região Noroeste, que envolve a Avenida John Boyd Dunlop e possui uma alta densidade populacional, é a que mais preocupa atualmente, já que foram encontradas muitas larvas nesses bairros (leia mais abaixo).
“Significa que a cidade tem que estar em alerta máximo. É a maior articulação de todos os serviços públicos e privados para o diagnóstico. Então, dizer que está em epidemia significa ir ao médico e ele avaliar que pode ser dengue e hidratar o paciente. Isso pode ser a diferença entre a vida e a morte”, defende.
Questionada sobre a nebulização feita em bairros de Campinas, a diretora do Devisa diz que a falta do envio do inseticida preocupa, mas alega que a compra feita recentemente com recursos próprios da Prefeitura dá maior garantia ao município. “Temos um estoque estratégico até que o Ministério da Saúde nos abasteça, que é o correto”, explica ainda Andrea von Zuben – veja mais abaixo.
APELO POR ATENDIMENTO
Segundo o Devisa, a região Noroeste, na região da Avenida John Boyd Dunlop é a que mais preocupa atualmente, já que foram encontradas muitas larvas nesses bairros. Por esse motivo, a Saúde orienta que os pacientes com sintomas e suspeita da doença que vivem nessa e em outras regiões de Campinas procurem atendimento rapidamente.
“Como a gente sabe que tem transmissão, precisa ir ao médico. Pode ser médico privado ou público, a vigilância fica sabendo de tudo, porque a notificação é compulsória. Se o médico fala que é um caso suspeito, nossa equipe vai para a região, recolhe o criadouro e, se for um caso positivo, faz a nebulização. Se a pessoa não procura o médico, o mosquito pica outras pessoas”, afirma Andrea.
FALTA DE INSETICIDA
A Prefeitura informou que um novo inseticida usado no processo de nebulização para o combate a arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, deve chegar aos municípios em maio.
Segundo a Administração, a previsão foi feita pela secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, ao prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos) em reunião na tarde de ontem. Dário é vice-presidente para a área da Saúde da FNP (Frente Nacional de Prefeitos).
“Segundo Ethel, o novo produto adquirido pelo Governo Federal é menos agressivo ao meio ambiente e tem menos impacto em animais. Além da medida prática, a secretária anunciou que na próxima semana já deve ser veiculada em rede nacional uma campanha de combate ao mosquito”, informou a Prefeitura.
O atraso no cronograma do inseticida é registrado desde o ano passado. Em março, Campinas precisou fazer uma compra emergencial para nebulização.
PRIMEIRA MORTE
No último dia 10, a Prefeitura de Campinas confirmou a primeira morte de dengue em 2023. A vítima é um homem de 86 anos, que morava na área de abrangência do Centro de Saúde Taquaral, na região leste. Segundo a Saúde, ele apresentou os primeiros sintomas em 22 de fevereiro e morreu em 4 de março.
De acordo com a pasta, o atendimento ao paciente foi realizado na rede privada e a causa do óbito estava em investigação pelo Departamento de Vigilância em Saúde, sendo confirmada após análises de prontuários, relatórios e exames. Segundo a Administração, ações de prevenção foram intensificadas na região.
“Assim que a Vigilância em Saúde foi notificada do caso confirmado, foram desencadeadas todas as ações preconizadas de controle e prevenção na localidade da moradia do paciente. Foram realizados controle de criadouros e busca ativa de pessoas com sintomas e nebulização”, informou a Prefeitura.
EM 2022
O último óbito de dengue em Campinas havia sido notificado em 30 de abril de 2022. No ano passado, foram quatro mortes por dengue, das quais três na rede privada de saúde de Campinas e um em outro município. Ao todo, entre janeiro e dezembro, foram registrados 11.276 casos confirmados de dengue na cidade.
SINTOMAS
As pessoas que apresentarem febre associada a dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas, vômitos ou dor abdominal devem procurar o serviço de saúde para avaliação e seguir as recomendações médicas porque pode ser dengue.
“A dengue é uma doença que pode evoluir com gravidade e levar à morte. Por isso é importante o acompanhamento médico adequado”, afirma o coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas, Fausto de Almeida Marinho Neto.
A Administração ainda reforça que mantém ações de combate e prevenção à dengue no município, com eliminação de criadouros, ações educativas e de mobilização da sociedade e organização e limpeza da cidade.
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