Levantamento divulgado pelo Observatório Nacional dos Direitos Humanos aponta que Campinas é a nona cidade do Brasil com o maior número de pessoas em situação de rua. O estudo, da plataforma do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, informa que até julho do ano passado a cidade concentrava 2.324 pessoas em situação de rua. No ranking das 10 cidades com maior concentração, São Paulo é a primeira, com 54.812.
Segundo o levantamento, Campinas, ao lado das outras nove cidades, concentram juntas 51,5% da população em situação de rua do país. Os 10 municípios com maior número de pessoas nessa situação são:
- São Paulo;
- Rio de Janeiro;
- Belo Horizonte;
- Salvador;
- Brasília;
- Fortaleza;
- Porto Alegre;
- Curitiba;
- Campinas;
- Florianópolis.
Os dados levam em consideração apenas as pessoas inscritas no Cadastro Único. De acordo com a ferramenta, entre 2018 e julho de 2023 o número de pessoas em situação de rua quase dobrou, apresentando crescimento ano após ano. O levantamento revela que a quantidade de pessoas sem residência formal no Brasil passou de 116.799 em 2018 para 221.113 em julho do ano passado.
Também quase dobrou o número de municípios com pessoas vivendo em situação de rua, passando de 1.215 em 2015 para 2.354 no ano passado. Isso significa que, em 2023, quase 42% dos municípios brasileiros tinham pessoas vivendo nessa condição.
O que a Prefeitura diz
Em resposta ao acidade on Campinas, a Prefeitura de Campinas afirmou que realizou, em 2021, uma pesquisa de campo para identificar o número de moradores em situação de rua do município. A Administração disse que identificou 932 pessoas nessa condição e que “desconhece a metodologia empregada no levantamento citado”.
Também reforçou que atualmente mantém 16 políticas públicas dedicadas à população em situação de rua: SOS Rua, Operação Inverno, Mão Amiga, Bagageiro Municipal, Operação “Amigos no trecho”, Distribuição de Refeições, Recâmbio de Migrantes, Centros POP Sares, Casas de Passagem, Abrigos e Albergues, Consultório na Rua, Programa Recomeço, Ações conjuntas SOS Rua – Consultório de Rua, Combate ao Trabalho Infantil (Movimento Vida Melhor – MVM), Casa da Gestante e Caminhos para o Futuro.
Histórico em Campinas
O cenário de pessoas em situação de rua em Campinas é motivo de críticas entre moradores da cidade, principalmente quando se trata da região central, que tem a degradação ainda mais evidente nas madrugadas, quando o movimento na área cai drasticamente. A realidade mistura o sofrimento e a dependência química das pessoas em situação de rua com a tensão e a preocupação dos poucos comerciantes que atuam no horário.
Pessoas que trabalham em trailers e quiosques de lanches no horário noturno enfrentam problemas e desafios gerados pela presença cada vez maior de grupos e indivíduos em vulnerabilidade, durante o período em que as ruas já estão sem carros e as calçadas vazias.
Apesar de haver um Centro Pop (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) na Rua José Paulino, os indivíduos reclamam sobre a falta de vagas para passar as noites. Do lado de fora, muitos deles ainda sofrem com o preconceito.
A sujeira causada pelo lixo reciclável também é incômoda para os comerciantes que temem perder clientes. Essa condição ainda é intensificada pela comercialização de materiais recicláveis.
Muitas fachadas, entradas e calçadas do comércio ainda ficam sujas devido à falta de banheiros para a população de rua. Por isso é comum que os trabalhadores tenham que limpar os locais para deixar os estabelecimentos em condições para os clientes.
Saiba mais sobre como é a realidade do Centro de Campinas durante as madrugadas na nossa reportagem completa (leia aqui).
Perfil das pessoas em situação de rua
Em 2023, o perfil da população em situação de rua no Brasil era majoritariamente masculino (88%) e em idade adulta (57% tinham entre 30 e 49 anos). A maior parte (68% do total) também era formada por pessoas negras (somando 50% pardas e 18% pretas).
Entre os principais motivos apontados para a situação de rua estavam os problemas familiares (44%), seguido pelo desemprego (38%) e o alcoolismo e/ou uso de drogas (28%).
Já com relação ao tempo, a maior parte das pessoas cadastradas (60%) informou se encontrar nessa situação há dois anos. Segundo os dados, 12% do total afirmam viver nas ruas há mais de 10 anos.
Como fonte de renda, as principais atividades indicadas foram a de catador de material reciclável (19%) e a de pedir dinheiro nas ruas (11%). Quanto ao local de nascimento, 38% nasceram no município atual, 57% em outro município e 5% em outro país (o que somou 10.069 pessoas).
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