A região Central de Campinas ganhou uma homenagem às vítimas da covid-19. O grafite pintado em um muro 170 metros foi concluído nos últimos dias e será inaugurado oficialmente no dia 14 de setembro. O trabalho foi assinado pelo artista campineiro Gustavo Nénão e faz parte do memorial da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre o coronavírus (leia mais abaixo).
O local escolhido para receber a arte foi o muro do Cotuca (Colégio Técnico da Unicamp) na Avenida João Penido Burnier, na Vila Itapura, próximo à Avenida Senador Saraiva. Encomendado pela Proec (Pró-Reitoria de Extensão e Cultura) da Unicamp, o mural também celebra a importância do conhecimento no combate ao negacionismo que foi espalhado ao longo da pandemia de covid-19.
“Tem o objetivo simbólico de lembrar que muita gente faleceu por relação com o negacionismo. Como a escola é um espaço de conhecimento, a arte rende homenagem a quem infelizmente nós perdemos, mas também relembra que é o conhecimento que vai evitar que sigamos por esses caminhos”, argumenta o pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Antônio Santos Coelho.
O projeto
Além do muro, que pode ser visto por pedestres, motoristas e usuários de ônibus, o Cotuca também vai receber outro grafite em uma área interna. A homenagem, também assinada por Nénão, será feita a um professor do colégio que faleceu devido às complicações da doença causada pelo coronavírus. “Será outro grafite, mais personalizado, para a nossa comunidade”, diz o pró-reitor.
Parte do Memorial Covid da Unicamp, o mural também marca a revitalização feita no prédio do Cotuca. A estrutura teve a restauração concluída no ano passado. A intenção de usar o grafite foi cobrir o muro externo, antes cinza, com mais cor, e também conseguir homenagear as vítimas da pandemia. “É para marcar o fato e fazer com que ele seja lembrado para sempre”, completa Coelho.
Além das pinturas, o projeto inclui palestra e oficina, que acontecerão no dia 14 de setembro. Os detalhes sobre as inscrições devem ser divulgados em breve.
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Os elementos da obra
Com a frase “você, que poderia ser tanta coisa”, o grafite é composto por imagens de pessoas sozinhas, ou abraçadas a outras, e também possui a representação de um filme fotográfico para destacar as lembranças deixadas por aqueles que morreram durante a pandemia. “Traz um pouco dessa reflexão sobre o sentimento de saudade, do valor humano e das perdas”, explica Nénão.
Em entrevista ao acidade on Campinas, o artista diz que a obra versa também sobre o luto e a solidariedade. “Eu acho importante o pessoal ir, acompanhar e se solidarizar. Acredito que a gente está ficando meio frio nesses períodos. A obra também é uma ode à vida e ao que precisamos valorizar”, defende ele.
O trabalho também possui o desenho de uma molécula de DNA em um tubo de ensaio. “Tudo isso é um projeto idealizado há algum tempo para homenagear funcionários, docentes, alunos e familiares”, diz o pró-reitor de Extensão e Cultura, que lembra que Nénão esteve na universidade em 2020, quando realizou uma pintura para celebrar as equipes do HC (Hospital de Clínicas).
O artista
Natural de Campinas e atualmente morando em Londres, na Inglaterra, Nénão foi eleito o melhor artista brasileiro da Europa na premiação Best of Brazil European Awards 2020. Em seu portfólio estão ainda trabalhos para Michelle Obama, Xuxa, Marcelo D2 e Chiquinho Scarpa, além de murais para empresas e para o Festival Lollapalooza e o Aeroporto Internacional de Viracopos.
Antes da carreira internacional, o campineiro trabalhou com arte educador de jovens que cumpriam medidas socioeducativas. Por esse motivo , conta que foi inevitável relembrar de sua origem ao voltar a Campinas para pintar o muro do Cotuca. “Voltar para casa sempre é positivo né? Eu tenho muito orgulho de ser brasileiro e levar pra fora o que o trabalhador brasileiro tem”, conclui ele.
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