A falta de remédios para doenças respiratórias tem preocupado pacientes de Campinas e da região. O problema ocorre por conta da alta procura durante o período frio, na contramão da baixa produção por escassez de matéria-prima.
Um levantamento feito pela EPTV Campinas em dez farmácias de Campinas mostrou que parte dos remédios para doenças respiratórias está em falta nas unidades.
O problema também pode ser sentido nas farmácias dos centros de saúde do município. No site de consulta, medicamentos como os antibióticos Amoxicilina e Azitromicina estão em falta. O Flixotide, usado em bombinhas de asma, também tem baixo estoque.
NA REGIÃO
A falta dos medicamentos não se limita a Campinas. A Fotógrafa Natália Freitas, de Jaguariúna, procurou em mais de 30 farmácias para achar o remédio da filha, que tem asma. Apesar do esforço, ela só encontrou após pedir ajuda nas redes sociais, e precisou ir até Itapira para comprar o produto.
“Agora estou um pouco mais tranquila, porque vou ter por pelo menos um ou dois meses. Mas e outras mães que não têm?”, comentou.
REMÉDIOS INFANTIS
O problema se agrava em relação aos medicamentos infantis. Há falta de remédios como “Azitromicina Infantil”. Em algumas farmácias, os dirigentes alegam que, além da falta dos medicamentos, não há prazo para chegada.
“Agora chegou ao caos mesmo, não acha em lugar nenhum. E não tem nenhuma previsão não (de quando vá se regularizar)”, declarou a farmacêutica Sílvia Peruck.
A CAUSA
O tempo frio, o clima seco e baixa imunidade das crianças têm contribuído para o problema, que enfrenta ainda a falta de matéria-prima para os remédios na outra ponta da linha. O pediatra Tadeu Fernandes explica que a pandemia potencializou o problema.
“Se você exercita o seu braço todo dia, ele fica forte, mas se ele fica imobilizado, vai ficar fraco quando você precisar usar. O sistema imunológico é a mesma coisa. Esse contato direto das crianças no dia-a-dia de uma creche, de uma escolinha… eles vão tendo contato com os vírus e o sistema imunológico vai amadurecendo. Mas como eles ficaram dois anos em isolamento social, houve um não-desenvolvimento do sistema imunológico. Então, agora as crianças estão voltando pra escola, o sistema imunológico imaturo, a escola circulando os vírus, por causa do tempo seco, poluído e frio, e aí começa toda a história”.