Os casos de estupro em Campinas subiram de 21, em janeiro, para 27 em fevereiro deste ano, de acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo. O aumento de 28,5%, segundo o Deinter 2 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo do Interior 2), é reflexo do período de Carnaval e ainda não pode ser considerado um indicativo de piora no município.
Mesmo com quase uma ocorrência diária por dia no segundo mês do ano, o diretor do departamento, Fernando Manoel Bardi, prefere ter cautela. “Não podemos afirmar que há uma piora. Prefiro esperar os dados dos três primeiros meses e esperar março acabar. Em abril vamos saber os dados e será possível fazer uma comparação”, respondeu ao acidade on Campinas.
Questionado sobre o os motivos, ele vê relação direta com os eventos e o feriado de Carnaval. “Esse período potencializa, infelizmente. São como os casos de homicídio no Carnaval, por exemplo. Ocorrem sem motivo e envolvem autores e vítimas que nem se conhecem”, afirma Bardi, citando o aumento de sete para 13 homicídios entre janeiro e fevereiro, o equivalente a 85,7%.
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DENTRO DE CASA
Mas além dos casos envolvendo vítimas que não conheciam ou não tinham relação anterior com os suspeitos ou indiciados, o delegado responsável por 109 delegacias e cinco seccionais em 34 cidades da região de Campinas relembra que os estupros podem ser cometidos dentro de casa, envolvendo familiares, e podem ser praticados por maridos, companheiros namorados.
“Sempre foi um crime subnotificado. Não só aqui, como no Brasil. E não existe um perfil de criminoso, porque envolve pessoas desde as classes mais ricas até as mais pobres. Por isso é comum uma pessoa tomar coragem e denunciar e fazer com que outras vítimas do mesmo homem apareçam”, alega.
Entre as ocorrências de estupro de vulneráveis, ainda conforme a SSP, o salto foi de 14 para 18 entre os dois primeiros meses de 2023, o que também representa 28,5% de aumento. Nestes casos, o diretor do Deinter 2, Fernando Manoel Bardi, cita o cuidado em fazer uma investigação séria e criteriosa.
“Há o cuidado, porque as vítimas vulneráveis também podem ser sugestionadas a relatar um abuso por parte de alguém conhecido. Mas há sim muitos casos de familiares que praticam esses crimes contra crianças”, detalha ele. Além de menores de idade, pessoas inconscientes ou sem a capacidade plena de discernimento também são consideradas vítimas vulneráveis.
ATENDIMENTO E INVESTIGAÇÃO
Indagado sobre quais medidas podem ser tomadas para prevenir, reduzir e evitar estupros em Campinas, o diretor do Deinter 2 cita estratégias e ações adotadas pelo departamento para combater a violência doméstica. Entre elas, está uma parceria feita com a Prefeitura de Campinas para ampliar e melhorar o atendimento às mulheres vítimas de agressões, tentativas de feminicídio.
“Temos que apostar em atendimento especializado, acolhimento, nas medidas protetivas e de separação de corpos, além de assistência jurídica”, defende Bardi, lembrando o programa Guarda Amigo da Mulher, implantado desde 2016 pela GM (Guarda Municipal) e executado em parceria com o Deinter 2.
Segundo ele, a ideia é ampliar o atendimento das DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) e oferecer apoio às vítimas durante e após o registro da ocorrência.
OUTROS CRIMES
Ainda conforme a secretaria de Segurança Pública de São Paulo, além dos dois tipos estupros e dos homicídios, outras ocorrências também tiveram aumento nos dois primeiros meses deste ano. Outros, como roubos de carga e furtos de veículos, tiveram redução. Confira o levantamento oficial:
Homicídio culposo por acidente de trânsito
– Fev: 8
– Jan: 5
Lesão corporal dolosa
– Fev: 282
– Jan: 267
Estupro
– Fev: 27
– Jan: 21
Estupro de vulnerável
– Fev: 18
– Jan: 14
Roubo de veículo
– Fev: 124
– Jan: 122
Crimes com queda
Roubo em geral
– Fev: 368
– Jan: 472
Roubo de carga
– Fev: 6
– Jan: 13
Furto em geral
– Fev: 1.320
– Jan: 1.453
Furto de veículo
– Fev: 250
– Jan: 265
Latrocínio
– Fev: 0
– Jan: 1
Tentativa de Homicídio
– Fev: 5
– Jan: 7
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