Uma homenagem ao ex-prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, lembrou os 20 anos do assassinato do petista no final da tarde desta sexta-feira (10). O homicídio segue sem solução e deve prescrever sem a identificação de um culpado, apesar da sustentação de duas teses principais sobre o crime.
A cerimônia, que contou com a presença de autoridades e do atual prefeito, Dário Saadi (Republicanos), aconteceu na Avenida Mackenzie, perto do shopping Iguatemi, onde Toninho foi morto em 10 de setembro de 2001.
No local, também foi erguida uma estátua para o político. O monumento “Toninho e sua Pipa”, do artista Spencer Pupo Nogueira, passou por obras de melhorias antes do ato que marcou a data histórica.
O canteiro recebeu o plantio de 8 mil mudas de plantas ornamentais e árvores nativas e a escultura recebeu limpeza, pintura e iluminação. As obras, orçadas em R$ 60 mil, foram executadas pela secretaria de Serviços Públicos.
O QUE DIZ O MP
Na versão dos investigadores e dos promotores, o então prefeito foi assassinado porque seu carro teria atrapalhado a fuga da quadrilha do traficante e sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.
O líder do bando chegou a ser acusado formalmente, mas a Justiça entendeu que não havia indícios que o incriminassem e determinou que a Polícia Civil retomasse as investigações em 2011. Desde então, porém, nada foi esclarecido.
Questionados pela reportagem sobre a tese duas décadas depois, os promotores que foram responsáveis pelo caso, Carlos Eduardo Ayres de Farias, Fernando Pereira Vianna Neto e Ricardo José Gasques de Almeida Silvare, se manifestaram através da assessoria de imprensa do MP (Ministério Público).
No posicionamento, alegam que “desde que atuaram pela última vez no caso, não viram qualquer elemento que contrariasse o entendimento do MP, exposto nos autos do processo”.
Ainda de acordo com a nota, “esse entendimento foi prestigiado em parte pelo TJ-SP, que reconheceu a existência de indícios de que o grupo liderado pelo então acusado foi responsável pelo homicídio, embora tenha o tribunal compreendido que eram necessários mais indícios da participação direta”.
O comunicado defende ainda que “a falta de novidades no caso apenas mostra que as provas produzidas, e raramente analisadas por aqueles que não atuaram no processo, indicavam o caminho para a solução do caso”.
O QUE DIZ A FAMÍLIA
A família de Toninho, por outro lado, segue em busca de respostas, aponta motivação política para o assassinato e reclama de omissão das autoridades. Em uma postagem no Facebook nesta data, em 2020, a viúva dele, Roseana Garcia, disse ter certeza que o crime foi político e que ele “foi assassinado por ser o prefeito de Campinas e contrariar muitos interesses escusos da cidade”.
Ela também afirmou que “o crime nunca foi investigado da maneira que precisaria ter sido, pois nunca houve interesse genuíno pelo seu esclarecimento” e desabafou ao dizer não ter certeza se o crime será resolvio, mas que seguirá lutando por isso.
Já neste ano, postou um vídeo no qual o advogado da família, William Ceschi Filho, critica a confusão do primeiro inquérito sobre o caso e a estrutura da Polícia Civil na segunda investigação a partir de 2011.
Ceschi, inclusive, já manifestou que tem intenção de ingressar com uma denúncia na OEA (Organização dos Estados Americano) acusando o Estado brasileiro de “omissão na investigação de crime político”.