O chefe da facção criminosa que planejou sequestrar e matar o senador Sérgio Moro e outras autoridades morava em um condomínio de luxo em Santa Bárbara d’Oeste, segundo informações do relatório oficial da Polícia Federal. Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido como Nefo, tem 49 anos e é o chefe do setor da facção criminosa fora dos presídios e responsável pelos sequestros e execuções.
Ele está entre os 6 detidos da região durante a operação da última quarta-feira (22) – veja detalhes abaixo. Ainda segundo o relatório policial, ele vivia uma vida de luxo e registrava os bens em nomes de terceiros. Sua mulher, Aline de Lima Paixão, de 33 anos, foi presa no mesmo condomínio. Segundo a Polícia Federal, eles integram uma facção criminosa que atua aqui no Brasil e no exterior. Confira a lista dos presos na região de Campinas:
- Janeferson Aparecido Mariano Gomes, vulgo Nefo, 49 anos: chefe da facção – Preso no Condomínio Jardim das Flores, em Santa Bárbara d’Oeste
- Claudinei Gomes Carias, vulgo Nei, 43 anos: responsável por vigiar e levantar informações em Curitiba, no Paraná – Preso no Jardim Paulistano, em Sumaré
- Herick da Silva Soares, vulgo Sonata, 22 anos: responsável pela parte operacional da facção – Preso no Jardim Dom Bosco I, em Sumaré
- Franklin da Silva Correa, vulgo Frank, 26 anos: responsável pela parte operacional da facção – Preso no Jardim Denadaí, em Sumaré
- Aline de Lima Paixão, 33 anos (mulher do Janeferson): responsável pela contabilidade dos gastos da quadrilha – Presa no Condomínio Jardim das Flores, em Santa Bárbara d’Oeste
- Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui, vulgo Luana, 22 anos: responsável por alugar imóveis e carros para os outros criminosos planejarem o crime – Presa no Jardim Boa Esperança, em Hortolândia
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Os 6 presos aqui na região foram encaminhados para a capital e vão ficar na cadeia por tempo indeterminado. As investigações da polícia federal continuam a fim de encontrar outros envolvidos nos crimes.
Em nota, o advogado de defesa réus Herick e Franklin disse que o nome do Sérgio Moro nunca foi mencionado nos relatórios e que irá apresentar uma defesa coesa.
“Dos relatórios que vi da Polícia Federal, apesar do ótimo trabalho de investigação, não vi em nenhum momento o nome Sérgio Moro, nome esse que só surgiu e originou a presente investigação através de uma delação premiada ilegal, pois ela não cumpriu com os ritos e moldes da modalidade necessária. Vamos trabalhar e apresentar uma defesa coesa e lastreada em provas”, informou o advogado Juan Felipe Souza.
OPERAÇÃO
A operação contra uma quadrilha que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades terminou com a prisão de seis pessoas na região de Campinas e a apreensão de vários veículos de luxo. O grupo é investigado por planejar a morte do senador e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
Foram apreendidos e encaminhados para a delegacia da Polícia Federal em Campinas, carros de luxo que pertencem a quadrilha: três BMW’s, duas caminhonetes, duas motos e um carro modelo New Beetle. Entre os presos, estão duas mulheres e quatro homens que também foram levados para a sede da Polícia Federal em Campinas.
Além dos seis presos, que eram alvos da operação, outras duas pessoas foram detidas em flagrante. Uma delas estaria com documentos falsos. Também foram apreendidos malotes com documentos nos endereços dos alvos.
AUTORIDADES COMO ALVOS
O grupo é suspeito de planejar matar e sequestrar autoridades, segundo o ministro da Justiça, Flavio Dino. O ministro afirmou que os criminosos tinham objetivo de retaliação e intimidação dos agentes públicos, e a ação teria porte de terrorismo.
Nas redes sociais, Moro afirmou que era um dos alvos do grupo criminoso. De acordo com os investigadores, os crimes seriam uma retaliação de integrantes de uma facção criminosa por causa de uma portaria do governo que proibia visitas íntimas em presídios federais.
Atentados eram planejados desde o ano passado, segundo a investigação, e envolviam ataques a políticos e funcionários públicos, entre eles um senador (Sérgio Moro) e um promotor da Justiça. A Uma outra possível vítima foi identificada como Lincoln Gakyia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Presidente Prudente. Um comandante da Polícia Militar também seria alvo dos atentados.
Segundo a investigação, os suspeitos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços de Sergio Moro. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa.
A facção atua dentro e fora dos presídios brasileiros e internacionalmente. Quando era ministro de Segurança Pública, Moro determinou a transferência do chefe da facção, Marcola, e outros integrantes para presídios de segurança máxima. À época, o senador defendia o isolamento de organizações criminosas como forma de enfraquecê-las.
Além da retaliação a Moro motivada por mudanças no regime de visitas em presídios, segundo os investigadores os criminosos também trabalhavam com a ideia de sequestrar o senador como forma de negociar a liberação de Marcola. Ao menos dez criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba, segundo agentes.
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