A Defesa Civil de Vinhedo divulgou nesta quarta-feira (16) o relatório final do acidente aéreo que matou 62 pessoas no dia 9 de agosto deste ano em Vinhedo. Dentre os temas abordados, o laudo aponta como as casas do condomínio Recanto Florido foram afetadas.
Pouco mais de dois meses do acidente, o laudo completo e finalizado indica que duas residências sofreram consequências diretas da queda do avião ATR-72-500, da companhia aérea Voepass.
Impacto do acidente, segundo Defesa Civil
No terreno onde o avião caiu, onde mora Luiz Augusto de Oliveira, a Defesa Civil interditou o imóvel e constatou as seguintes informações:
- A garagem foi destruída. A parede está firme, mas ficou muito tempo exposta ao fogo e não é possível afirmar que a integridade dela está garantida;
- O telhado e sua estrutura tiveram danos consideráveis e, se não tiver reparos, pode sofrer com infiltração;
- As áreas de churrasqueira e piscina foram mapeadas com grau baixo de risco de abalo estrutural, também precisando de manutenção.
Diante desses problemas, a Defesa Civil concluiu que a casa foi parcialmente destruída e, por isso, precisa de projeto reconstrutivo acompanhado de parecer técnico de especialistas.
Já a casa vizinha a de Luiz não foi atingida diretamente pela aeronave. Porém, ela também foi afetada porque recebeu estilhaços e labaredas do incêndio. A recomendação é que os moradores fiquem atentos aos sinais de afundamento do solo do quintal. Em ambos os casos, a Defesa Civil aconselha a contratação de profissional habilitado para que sejam feitas as obras de reparo.
Segundo o relatório, somente essas duas casas tiveram impacto. O tremor no solo não afetou outras residências do condomínio. Mesmo assim, a Defesa Civil destacou no texto a importância das famílias afetadas e vizinhos terem acompanhamento psicológico por causa do estresse pós-traumático.
“A questão é que a Defesa Civil, diferente da parte de engenharia, ela não avalia apenas questões estruturais, mas psicoemocionais também. Então, o sentimento de pertencimento e as memórias construídas pela família dentro daquela casa, em função do acidente e das mortes que ocorreram, estão claramente abaladas. Então, nós sugerimos que seja acompanhado por psicólogos e, se confirmada a ‘síndrome do sobrevivente’, que é um trauma pós-traumático, a casa não pode ser considerada em condições de habitar pela família”, conta Maurício Roberto Barone, diretor da Defesa Civil de Vinhedo.
Em relação ao risco de contaminação por conta do combustível do avião, que tem bastante presença de chumbo, a Defesa Civil solicitou para a secretaria de Planejamento Ambiental que faça uma análise da questão ambiental e, se for o caso, encaminhe para a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
“A observação primária indica que a contaminação não é grave, se houver, mas ela sugere de forma preventiva que a empresa responsável pelo acidente aéreo, contrate uma empresa que elabore um parecer ambiental completo para, dessa forma, as novas diretrizes a partir desse parecer pronto possam referenciar ou alterar a orientação inicial da secretaria de Planejamento Ambiental”, completou Barone.
A equipe da EPTV encontrou em contato com a Voepass, que informou que vai analisar os custos de reparos das residências e segue com os trabalhos no local. Logo após a tragédia, a companhia afirmou que iria ajudar o dono da casa atingida pela aeronave no pagamento dos reparos.
Relembre o desastre aéreo em Vinhedo
O avião turboélice, modelo ATR-72-500, que saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos, com 58 passageiros, quatro tripulantes e um cachorro, caiu no condomínio Recanto Florido, em Vinhedo, no início da tarde do dia 9 de agosto. O momento da queda de quase 4 mil metros assustou moradores, que fizeram registros de vários pontos da cidade. Sem sobreviventes, essa é a maior tragédia aérea no Brasil desde 2007.
A movimentação no condomínio foi intensa por semanas, toda hora chegavam viaturas oficiais, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, polícias e políticos. Imagens feitas por drone mostram o tamanho da destruição, parte da casa queimada e destroços do avião espalhados pelo terreno.
Cerca de uma semana depois, os destroços foram retirados do local e levados para a sede da empresa em Ribeirão Preto. As bagagens e demais pertences foram entregues às famílias das vítimas e o trabalho de limpeza e descontaminação no condomínio começou no dia 21 de agosto.
O que causou a queda da aeronave?
Ainda não se sabe o que causou o acidente aéreo em Vinhedo, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas. Veja a sequência de eventos:
- A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
- O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
- Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
- De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
- Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
- A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
- O DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
No início do mês de setembro, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB, divulgou o relatório preliminar, produzido a partir das informações das caixas-pretas da aeronave. Saiba mais aqui.
*Com informações de Rafael Castro/EPTV Campinas
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