O avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no começo do mês passado, pode ter tido falhas no sistema de degelo. É o que aponta o relatório preliminar do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira), divulgado na tarde desta sexta-feira (6) em coletiva de imprensa. O acidente com a aeronave ATR-72-500, que deixou 62 pessoas mortas, aconteceu no dia 9 de agosto.
O documento foi apresentado durante coletiva de imprensa em Brasília (DF) pelo chefe do Cenipa, brigadeiro do ar, Marcelo Moreno, e demais investigadores do centro. A apresentação do relatório, produzido a partir das informações das caixas-pretas, apontou que os tripulantes comentaram sobre uma possível falha no sistema de degelo do avião, que é responsável por quebrar o gelo formado nas asas da aeronave (entenda abaixo).
Também foram apresentadas informações técnicas sobre as condições da aeronave ATR-72-500, condições meteorológicas no momento do voo e a sequência de eventos até o momento da queda do avião em Vinhedo. Antes da divulgação do relatório preliminar à imprensa, familiares das vítimas do acidente aéreo foram informados pelo Cenipa sobre as conclusões levantadas, até o momento, na investigação.
O brigadeiro Marcelo Moreno destacou que objetivo da investigação do Cenipa, diferente da Polícia Federal, que tem fins punitivos, é apontar os fatores que podem ter contribuído para o acidente aéreo, e, dessa forma, apontar melhorias na aviação para prevenir acidentes futuros.
Resumo da investigação
Em resumo, o relatório preliminar do Cenipa concluiu as seguintes informações:
- Aeronave certificada para voar em condições de formação de gelo;
- Tripulação estava qualificada e possuía experiência para esse tipo de voo;
- Informações meteorológicas estavam disponíveis antes do horário da decolagem;
- Voo ocorreu em condição de formação de gelo severo;
- A tripulação não declarou emergência;
- Houve perda de controle da aeronave durante o voo em condições de formação de gelo.
Falha no sistema degelo causou a queda do avião?
A Comissão de Investigação identificou a sequência de eventos que antecederam a colisão da aeronave contra o solo. A cronologia foi feita com base nas informações coletadas durante a ação inicial, bem como nas gravações do Flight Data Recorder (FDR – gravador de dados de voo) e do Cockpit Voice Recorder (CVR – gravador de voz da cabine), que são as duas caixas-pretas.
Com base nos eventos extraídos a partir dos gravadores da aeronave ATR-72-500 da Voepass, há um momento em que os tripulantes comentaram que haveria uma falha no sistema de Airframe De-icing, que são os que quebram o gelo presente nas asas do avião.
O brigadeiro Moreno, chefe do Cenipa, disse que essa fala dos tripulantes sobre falhas no sistema não significa, necessariamente, que o sistema falhou. A investigação ainda deve aprofundar nesse item para entender se houve uma falha.
A partir das transcrições dos áudios, também é possível ver que o botão de degelo foi ligado três vezes e desligado em duas delas, durante a sequência de eventos. Na coletiva, os investigadores também pontuaram que ainda não é possível afirmar se o ato repetido de ligar e desligar aconteceu por falha no sistema ou por ato manual dos pilotos.
Em dado momento da transcrição, segundo o relatório, ainda foi possível verificar que o copiloto comentou “bastante gelo”. Os investigadores afirmaram na coletiva que em momento algum houve indício dos pilotos ou dados do FDR de que eles estariam saindo dessa situação de formação de gelo.
De acordo com as transcrições dos áudios de comunicação entre a aeronave e os órgãos de controle, verificou-se que não houve declaração de emergência por parte dos tripulantes.
Próximas etapas da investigação
As próximas etapas da investigação do Cenipa sobre a queda do avião em Vinhedo são:
- Exames de materiais e teste funcional de equipamentos, por meio de interação com operador, representantes acreditados e fabricantes;
- Entrevistas com ênfase nas condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais;
- Análise de procedimentos operacionais e de manutenção.
- Eles também destacam que novos dados factuais podem surgir, dada a complexidade da ocorrência.
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