O nome da igreja Bola de Neve vem sendo alvo de uma série de denúncias por parte de ex-fiéis nos últimos dias. As acusações envolvem desde desvios de verbas até abusos psicológicos por parte de pastores que atuam na unidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O músico Rodolfo Abrantes, que fez parte da banda Raimundos e hoje atua como pastor, foi uma das pessoas a fazer declarações a respeito da instituição (saiba mais abaixo).
Campinas possui uma igreja Bola de Neve localizada na Avenida Nossa Senhora de Fátima, no Taquaral. Porém, as acusações que vieram à tona se referem a casos envolvendo apenas a unidade em Balneário Camboriú.
Polêmica envolvendo a igreja Bola de Neve em Balneário Camboriú
Segundo as primeiras acusações que surgiram a respeito da igreja, a unidade catarinense estaria envolvida no desvio de recursos de doações feitas por fiéis ao IPE (Instituto para Empreendedora). A organização ligada à congregação é um abrigo para mulheres que foram vítimas de violência.
De acordo com os relatos, o dinheiro teria sido usado em benefício dos pastores Ana Lúcia Paixão e Natanael Nunes. A pastora em questão seria a diretora do abrigo, que seria mantido com verbas públicas da Prefeitura de Balneário Camboriú.
Além disso, a unidade da Bola de Neve também teria praticado crimes trabalhistas ao explorar trabalhadores que atuariam nas cantinas do IPE de forma voluntária.
“As pessoas que doaram R$ 15.000, R$ 10.000, R$ 5.000 começaram a nos procurar denunciando que foram enganadas pelos pastores”, disse Marcio Bieda Junior, um dos ex-membros.
As denúncias afirmam que os recursos destinados ao instituto teriam sido, na verdade, usados na montagem de um salão de beleza para os filhos dos pastores, o Ipê Beauty, em vez de ser destinado ao acolhimento das mulheres.
Relato do ex-Raimundos
Em meio às acusações de estelionato e exploração de trabalho voluntário, o ex-Raimundos também se pronunciou sobre a Bola de Neve de Balneário Camboriú. Segundo relato de Rodolfo Abrantes, publicado no Instagram, ele e sua mulher, Alexandra Abrantes, sofreram abusos psicológicos cometidos por pastores da unidade.
“Feridas que demoram muito para curar”, descreveu o cantor. A denúncia veio 13 anos depois de Rodolfo ter se afastado da sede catarinense.
“Não cabe a mim julgar ações e atitudes de gente que não me diz respeito porque eu e minha esposa nos desligamos desse ministério em 2011. Escolhi não falar nada naquela época com a preocupação de não arrastar pessoas para fora de igreja e de não ser acusado de mais coisas do que eu fui”, comentou.
A esposa de Rodolfo também se pronunciou na publicação de um dos ex-membros que denunciaram a igreja. “Que vergonha dessa Bola de Neve. Queria poder mencionar o @, mas estou bloqueada. Talvez esteja bloqueada para não expor (mais ainda) os abusos e manipulações que sofri quando era ‘membra’”, declarou ela.
O que diz a Bola de Neve?
Após as primeiras denúncias surgirem, a Bola de Neve de Balneário Camboriú publicou na semana passada uma nota de esclarecimento em nome de Ana e Natanael. No texto, os pastores afirmam que o IPE “nunca chegou a acontecer” por falta de “recursos financeiros necessários”.
Por isso, eles teriam apenas se dedicado a “ações sociais pontuais”, com o objetivo de treinar e auxiliar mulheres da comunidade. O texto também afirma que o que foi doado “segue sendo cuidado por profissionais dedicadas, à espera de outros chamados a transformar aquele espaço em um lugar de edificação material e espiritual de nossas mulheres”.
Veja o comunicado na íntegra:
“Esclarecemos aos devidos fins que servimos como Pastores da Igreja Bola de Neve em Balneário Camboriú há mais de 20 anos e, como interessados em projetos de impacto social positivo, atuamos em algumas frentes no nosso município que não são da Igreja Bola de Neve e nem possuem relação nenhuma com o ministério.
Infelizmente, o Instituto Ipê nunca chegou a acontecer, não conseguimos os recursos financeiros necessários para viabilizar os trabalhos. Assim, apenas de forma simples e com ações sociais pontuais, avançamos para treinar e auxiliar mulheres da nossa comunidade.
Nunca tivemos retiradas financeiras do Ipê. Pelo contrário, sempre doamos a nossa vida, tempo e muito amor para que ele avançasse.
Embora o Ipê não tenha chegado a nascer perante a lei (enquanto associação formalmente constituída), segue vivo, sob nova direção e engatinhando na casa da rua 1401.
Isso só foi possível porque oferecemos nossos nomes para viabilizar as atividades e, se não fosse assim, a obra pereceria diante da burocracia.
Nada do que foi doado jamais nos pertenceu: segue sendo cuidado por profissionais dedicadas, à espera de outros chamados a transformar aquele espaço em um lugar de edificação material e espiritual de nossas mulheres.
Aconteceu o mesmo com a lojinha e cantina da igreja local. Com o nosso consentimento e disposição, antes mesmo das atuais direções administrativas do ministério sobre o assunto, criamos um CNPJ para permitir que a obra tomasse forma.
É fato que, depois, deveríamos ter adequado tal situação ao que nos orienta o corpo jurídico da própria igreja. Isso tudo já está alinhado e resolvido.
Todos os projetos e ações sociais em que nos envolvemos sempre foram feitos em amor e em comunidade, junto com outros irmãos da fé. Nunca de forma forçada ou imposta nos nossos cultos da igreja local”, diz a nota.
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