Afastado por denúncias de abuso sexual desde janeiro de 2019, o ex-padre Pedro Leandro Ricardo foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado nesta quinta-feira (19).
Ele foi sentenciado por atentado violento ao pudor contra duas pessoas, mas inocentado em outras duas denúncias envolvendo o mesmo crime. Ele pode recorrer em liberdade.
Ex-reitor e pároco da Igreja Santo Antônio de Pádua, em Americana, Ricardo ainda é alvo de inquéritos na cidade e também em Limeira. O advogado de defesa não foi encontrado.
A sentença foi proferida pelo juiz Rafael Pavan de Moraes Filgueira da Justiça de Araras e envolve duas acusações sobre abusos que aconteceram na cidade entre 2002 e 2005.
O PROCESSO
Na decisão, Filgueira ressalta que a pena foi agravada pela posição de autoridade que o ex-padre exercia sobre as vítimas e que Ricardo aproveitava o fato de conhecer cada uma.
Por conta da posição que exercia, segundo o magistrado, ele escolhia ao alvos com situações familiares desestruturadas por acreditar que não seria questionado ou confrontado.
Os crimes foram praticados contra uma criança e três adolescentes que eram coroinhas na paróquia São Francisco de Assis. Em outras duas acusações, porém, ele não foi condenado.
Leandro Ricardo foi inocentado porque, na época, toques corporais em menores não eram considerados atentado violento ao pudor, mas sim contravenção penal de perturbação da tranquilidade.
AS ACUSAÇÕES
Além dos quatro casos do processo, outros dois não foram considerados. Entre eles, um homem, que não quis ser identificado, disse que foi obrigado a fazer sexo oral no então líder religioso.
As denúncias foram apresentadas pelo MP (Ministério Público) em 2019, quando a investigação foi enviada ao Vaticano. As imputações foram aceitas pela Vara Criminal de Araras em 2020.
AFASTADO E DEMITIDO
Na gravação, chamava os fiéis para acompanharem uma transmissão ao vivo. Na época, a Diocese foi procurada, se manifestou e reforçou que ele não poderia realizar cerimônias.
Em nota, o bispo Dom José Roberto Fortes Palau diz que a decisão impede o exercício das atividades. A ordem diz ainda que a pena foi definida pelo Papa “para o bem da Igreja”.