A alta dos casos de dengue em Campinas fez a Prefeitura aumentar o serviço de nebulização noturna nas ruas dos bairros para combater o mosquito transmissor da doença. Popularmente chamado de fumacê, o veículo que passa soltando inseticida no ar é eficiente contra os mosquitos, tanto em terrenos e praças, quanto dentro das casas.
Ontem, o veículo passou em cerca de oitenta quarteirões na região do DIC VI. A Prefeitura orienta que moradores deixem as janelas abertas para que a nebulização entre nas casas.
A nebulização é uma das medidas mais drásticas para combater o mosquito da dengue, contendo o avanço da contaminação pela doença.
A Vigilância Sanitária de Campinas já tentou diversas outras estratégias: vistoriar casa por casa, mutirão com apoio do exército e uso de ferramentas como drone para identificar possíveis criadouros. Porém, os casos seguem em alta. Hoje (20) a cidade atualizou o número de casos e chegou a 5.355 pessoas infectadas pela doença.
De acordo com a secretaria municipal de Saúde, esse crescimento indica que em 2024 a cidade pode ter uma das piores epidemias da história. Até então, o pior ano da dengue em Campinas havia sido em 2015 com 66.577 casos e 14 mortes. Vale destacar que neste ano, até então, não houve registro de morte pela doença no município.
Por que nebulização noturna?
O fim do dia ou o amanhecer são os melhores períodos para iniciar o processo de nebulização, já que as temperaturas mais amenas interferem menos na atuação do inseticida.
“Com o calor intenso, a massa de ar quente acaba deslocando o inseticida para cima, então ele acaba subindo a atmosfera e não fazendo a ação que é localizada mais perto do solo, porque o mosquito da dengue tem um raio de voo baixo e não muito longo”, explica o coordenador de Arboviroses do Devisa (Departamento de Vigilância Sanitária), Fausto Marinho Neto.
Tipos de nebulização
A Prefeitura de Campinas possui dois tipos de nebulização:
- Costal: feita com equipamento carregado pelos próprios agentes de casa em casa;
- Veicular: feita com o equipamento colocado em um veículo, que trafega pelas ruas.
De acordo com o coordenador, a nebulização veicular está sendo mais adotada com o intuito de atingir uma área maior e fazer um controle dos mosquitos no ambiente. “A nebulização costal ainda acontece em alguns locais, porém em menor quantidade agora. No momento, o foco das ações de casa em casa são para controle de criadouros”, disse.
Como funciona a nebulização veicular?
A caminhonete com o nebulizador sai no fim da tarde, quando ainda está claro. Antes da aplicação, os agentes responsáveis ajustam a dosagem do inseticida. Com o equipamento pronto, o motor começa a roncar.
Durante a pulverização pelas ruas, a equipe monitora o vento, que não pode estar muito forte, a mais de 15 km/h, assim como a chuva, que não pode ocorrer de jeito nenhum durante o processo. Se as condições climáticas não estiverem favoráveis, o trabalho é interrompido.
O veículo passa duas vezes na mesma rua, para espalhar o produto dos dois lados.
Papel da população
Para ter um resultado esperado em conter o avanço da dengue, a pulverização precisa ser repetida três vezes, e os moradores também podem contribuir com esse processo. É importante que as pessoas abram a casa, janelas, portas e cortinas, para que o inseticida entre nas residências. Por isso, antes do início da aplicação nas vias, agentes da Vigilância já avisam que a fumaça está chegando.
“Eles vieram aqui e me recomendaram que quando fosse passar o carro era para deixar tudo aberto, balançar as cortinas… Eu cumpri o que eles mandaram. A minha parte eu faço”, comentou o aposentado Natanael da Silva.
A dona Maria, que já teve dengue, falou que abre o portão assim que ouve o barulho da caminhonete com o nebulizador. “Dá muito medo, eu já tive dengue e eu sei como é triste, não quero passar por isso de novo. Então, sempre deixo a fumaça entrar em casa”.
“Acho que essa ação vale muito. Com a força da população mais o que os agentes estão fazendo eu tenho certeza que a doença acaba logo”, espera o aposentado Sérgio Benini.
Aumento no volume de inseticida
A estratégia de aumentar a nebulização contra a dengue começou ainda no ano passado, quando a cidade entrou em epidemia. Por isso, o volume de inseticida recebido pelo DRS (Departamento Regional de Saúde) de Campinas para distribuir para as cidades da região aumentou muito, com uma alta de 1.347% entre 2022 e 2023. Veja os dados fornecidos pela secretaria de Saúde de SP:
- 2022 – recebeu 110 litros para distribuir para quatro cidades;
- 2023 – recebeu 1.592 litros para distribuir para 21 cidades.
Em 2024, até o momento, o DRS de Campinas já recebeu 340 litros de inseticida.
*Com informações de Gustavo Biano/EPTV Campinas
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