Um apartamento no Centro de Campinas foi evacuado em dezembro do ano passado devido ao risco de contaminação por mercúrio. O sobrinho da moradora levou um vidro contendo a substância tóxica e proibida para o imóvel, e ao manuseá-lo, derrubou em uma mesa. O casal que morava no local teve que sair e ainda não retornou. Outros apartamentos e dependências do prédio não foram afetados, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Devido ao contato com o mercúrio, o sobrinho da proprietária precisou ser internado. Ele apresentou um quadro psicótico e está internado no HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp há 50 dias.
No dia do acidente, ainda havia uma gata no apartamento, que foi levada pela Prefeitura de Campinas para tomar um banho descontaminante no DPBea (Departamento de Bem Estar Animal). Porém, o animal fugiu do local e ainda está desaparecido.
Mercúrio é extremamente perigoso
O mercúrio é um metal que, em temperatura ambiente, é líquido, e geralmente é usado em garimpos ilegais. É uma substância tóxica que, segundo aSociedade Brasileira de Medicina Tropical, pode causar:
- danos cerebrais
- problemas de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo
- distúrbios renais
- distúrbios cardiovasculares
- danos imunológicos
- comprometimento da visão
- comprometimento do sistema respiratório
Entenda a história
Segundo a dona de casa Jenadir Mendes, de 48 anos, o sobrinho dela, um vendedor de carros, de 30 anos, entrou em contato com a substância em novembro do ano passado, mas ela não sabe como ele a conseguiu.
“Ele passou aqui e dormiu na minha casa, só que ele trouxe esse produto com mercúrio em um ‘vidrinho’ e perguntou se eu tinha um menor para colocá-lo”, afirmou. Ainda de acordo com Jenadir, o sobrinho derrubou parte da substância na mesa do apartamento dela.
Depois disso, o homem começou a ter alterações comportamentais em 15 de dezembro e piorou depois do Natal – ainda de acordo com a dona de casa.
“Perto do Ano Novo, ele voltou de viagem e começou a ter atitudes de louco, tipo, ‘vou cortar o fio para impedir a radiação da internet‘”, declara Janedir. “Ele falava muito uma coisa de Deus, purificação, mas não ameaçava a vida de ninguém”.
O homem foi então internado na ala psiquiátrica do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp e passou pelo CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) da universidade.
Depois de passar pelo processo de descontaminação, o vendedor voltou à ala psiquiátrica e segue hospitalizado, mas já pode receber visitas e visitar a família aos fins de semana.
Segundo o médico e professor da faculdade de medicina da Unicamp, Eduardo Capitani, membro do CIATox, que acompanhou o caso, não há como afirmar categoricamente que os surtos psicóticos tenham sido gerados pelo mercúrio porque é possível que o vendedor já tivesse uma doença psiquiátrica latente, que foi engatilhada pela exposição do metal.
Apartamento contaminado
Quando o paciente foi internado, o HC da Unicamp acionou o Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde), da Prefeitura. Além disso, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) também foi notificada. Os órgãos, então, inspecionaram o apartamento e constaram que o imóvel estava contaminado.
Por isso, Jenadir e o marido foram orientados a deixá-lo. Contudo, segundo a dona de casa, por não terem aonde ir, eles permaneceram no imóvel até o fim do mês passado. “Estávamos aqui desde dezembro, por que não podíamos ficar um pouco mais?”, questiona.
Gata
A Cetesb fez uma nova medição em 31 de janeiro e contou que o apartamento seguia contaminado. E, desta vez, foi encontrado mercúrio inclusive na cama da gata de estimação do casal, chamada de Nina.
Por precaução, o pet foi levado pelo DPBea (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal) para tomar um banho de enxofre, mas, segundo a Prefeitura, fugiu e segue desaparecido.
Para Jenadir, a evacuação do apartamento, a mudança e a perda dos móveis, não se comparam a perda da gata. “Meu chão desmoronou”, lamenta.
Segundo o departamento, o felino ficou em uma gaiola e fugiu porque uma solda do compartimento se desprendeu. Ainda de acordo com o DPBea, a gata já estava em alta hospitalar e por isso não oferece riscos caso alguém a encontre.
“Eu acho que ela não resistiu ao banho. Acho que ela já está morta”, acrescenta a tutora. “Ela tinha dono, tinha onde dormir e foi lá dormir em cima de jornal, cheiro de xixi de outros gatos, muito barulho de cachorro. Ela estava assustada. Eu sei que ela poderia fugir, mas não daquela forma”.
Segundo a Prefeitura, a equipe do departamento fez buscas pelo animal e contou inclusive com a ajuda do casal na procura.
Depois que a Cetesb constatou que o imóvel seguia contaminado, o casal alugou um imóvel com auxílio da Prefeitura. A previsão é de que a volta para casa fosse em 10 de fevereiro – inclusive a de Nina, mas isso ainda não foi possível.
Já a busca por Nina segue sendo feita pelo DPBea com cartazes na Vila Boa Vista, onde fica o departamento, e nas redes sociais.
Quando eles vão poder voltar para casa?
De acordo com o Devisa, o processo de descontaminação do imóvel leva cerca de 2 a 3 meses. E, depois disso, será necessário ainda que o casal troque o piso do apartamento para poder voltar para casa.
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