O Hospital Sobrapar, em Campinas, começou a realizar um procedimento inédito no Brasil utilizando pele de tilápia. O material está sendo usado para ajudar na recuperação de crianças diagnosticadas com Síndrome de Apert que passam por cirurgia para separar os dedos. Os resultados têm sido animadores.
A pesquisa promissora é uma parceria entre o Hospital Sobrapar e a Universidade Federal do Ceará. Desde 2014, o cirurgião plástico Edmar Maciel estuda o uso da pele de tilápia em várias áreas da medicina. A técnica já é utilizada em queimaduras e em cirurgias para redesignação sexual.
Até agora, a pele de tilápia foi usada em cinco pacientes. O Hospital de Campinas foi escolhido para o procedimento inédito devido ao grande volume que recebe desse tipo de cirurgia. Segundo o presidente do hospital, a experiência realizada no município poderá servir de exemplo para o tratamento em outros países.
SÍNDROME
Uma das caraterísticas da Síndrome de Apert são os dedos grudados. O Hospital Sobrepar é referência na cirurgia para separação dos membros. Agora, ao invés de curativos convencionais, a equipe médica usa a pele de tilápia para auxiliar na recuperação dos pequenos pacientes.
Segundo o cirurgião plástico Edmar Maciel, a alta concentração de colágeno encontrada na pele do peixe é essencial para a recuperação da pele. Outra vantagem é o custo, já que o item é encontrado em todo Brasil e geralmente é descartado.
Luana Loureiro Soares autorizou o procedimento no filho e notou a diferença. Benjamin passou pela segunda cirurgia nas mãos no Hospital Sobrapar. “Esse curativo ficou bem sequinho, ele não reclama tanto, a cicatrização foi incrível, não vejo a hora dele terminar e ter os dez dedinhos”, disse ela.
RESULTADOS
A pesquisa do uso da pele de tilápia nos pacientes que passaram por cirurgia de separação de dedos ainda está em andamento e será concluída apenas em abril de 2022. Entretanto, os primeiros resultados já são positivos.
De acordo com o vice-presidente do Sobrapar, Cássio Raposo, a técnica trouxe rapidez no pós-operatório e mais conforto para os pacientes.
“O uso da pele de tilápia diminuiu o tempo da necessidade das famílias permanecerem em Campinas e diminuiu o número de curativos. Normalmente a gente troca o curativo todos os dias. Além disso, a dor dessas crianças também diminuiu”, disse Cássio.