Os últimos dias foram de comemoração para dois estudantes de povos originários do campus da Unicamp em Campinas. Quatro anos depois da criação do vestibular indígena pela Comvest (Comissão para os Vestibulares da Unicamp), Jeovane Ferreira Lima e Luiz Felipe Medina Guarani foram os primeiros a celebrar as formaturas nas solenidades oficiais da instituição.
“Foi complicado chegar aqui, o vestibular foi o que abriu as portas. Universidade é um ambiente que coloca dificuldades, não só para o indígena. A gente consegue, mesmo no contexto que não está acostumado”, afirmou Jeovane à reportagem EPTV Campinas, reconhecendo os desafios, mas se dizendo disposto a seguir carreira na área de Comunicação Social – Midialogia.
Agora formado em Administração Pública, Luiz Felipe Medina Guarani faz questão de dizer que a presença na Unicamp é importante para a representatividade do povo Guarani e para outras etnias do território brasileiro. “A gente não tá aqui à toa, e a gente é o resultado de uma luta que nossos pais, avós, tataravós lutaram para que a gente estivesse aqui”, argumentou ele.
Vestibular indígena
Além dos dois, 62 estudantes de 12 etnias e sete línguas diferentes ingressaram na Unicamp após o primeiro vestibular, em 2019. Atualmente, porém, o número aumentou: são 420 alunos de 40 etnias e 37 línguas diferentes e a expectativa da Comvest e da direção da Unicamp é que isso aumente a cada processo seletivo.
O diretor da Comvest, José Alves de Freiras Neto, valoriza a iniciativa pelo acréscimo ao convívio e às questões discutidas na comunidade e no meio acadêmico. “Nós estamos, de alguma forma, vivenciando toda essa pauta que a sociedade brasileira está debatendo em relação aos direitos dos povos originários. E para nós começou antes, por conta da presença deles aqui”, diz.
