Com informações de Gustavo Biano/Eptv Campinas
A Polícia Civil recebeu o laudo médico sobre o caso da morte da fotógrafa e influenciadora digital Roberta Corrêa da Silva, de 44 anos, que morreu depois de passar um procedimento estético, em Cosmópolis, no mês de outubro. O documento descartou qualquer doença preexistente na fotógrafa. Segundo a apuração, a demora do atendimento foi determinante para o óbito.
Com base nessas informações, o delegado do caso, Fernando Fincatti Periolo, disse que vai indiciar as duas profissionais envolvidas no caso (biomédica e esteticista) por homicídio com dolo eventual – que é quando não há intenção, mas foi assumido o risco de matar.
Segundo a polícia, a biomédica Vanuza Aguilar Takata e a esteticista Isabella Dourado Fernandes já estão sendo intimadas para comparecerem à delegacia na próxima semana. O caso havia sido registrado como morte suspeita e homicídio na Delegacia de Cosmópolis.
O caso
A fotógrafa de 44 anos passou mal durante o procedimento estético realizado pelas duas profissionais. Ela chegou a ser levada para a Santa Casa de Cosmópolis depois de sofrer uma parada cardíaca. Dias depois, ela teve a morte cerebral confirmada. A mulher faria um endolaser (procedimento para retirada de gordura) no abdômen, mas se sentiu mal com a anestesia.
A família da fotógrafa, ao denunciar o caso, já apontava que houve negligência médica e que ela deveria ter sido socorrida com mais agilidade. A clínica onde o procedimento foi feito fica a 350 metros da Santa Casa de Misercórdia de Cosmópolis. Entre os problemas apontados pelos familiares está a demora da biomédica para pedir o resgate.
“Ela começou a sentir um calafrio e, pelo que a gente sabe, a esteticista falou que era normal. Começou o procedimento, logo em seguida, a Roberta, acredito, começou a sentir dores. Foi quando ela desmaiou e teve a parada cardíaca”, disse a prima da vítima, Paola Eliza Lück de Paula, na época.
Depoimentos
Em outubro, a biomédica Vanuza Aguilar Takata, responsável pelo procedimento estético realizado na fotógrafa, chegou a prestar depoimento à polícia. No depoimento, Vanuza disse que aquele foi o primeiro dia que atuou junto com Isabella.
Ela ainda afirmou que conheceu Isabella quando as duas fizeram um curso de endolaser. Ainda segundo o depoimento, no dia da aplicação de endolaser na fotógrafa, atendeu antes outras duas pessoas.
O advogado de Vanuza, João Paulo Sangion, também esteve na delegacia e disse que Roberta teria dito que tinha melhorado, antes de um desconforto, e depois convulsionou.
A biomédica ainda disse que a paciente preencheu a ficha médica antes de realizar o procedimento e prestou as declarações necessárias exigidas em lei. Informou ainda que procedimento sequer começou, pois a paciente passou mal logo no início da aplicação do anestésico, que foi dado por outra biomédica também habilitada.
Vanuza se formou há 12 anos pela Universidade Paulista (Unip). Ela tem como especialidades a biomedicina estética e análises clínicas e é inscrita no Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM1).
Esteticista
Isabella também prestou depoimento e disse ter aplicado lidocaína mais epinefrina diluídas em soro fisiológico na fotógrafa. Ela ainda afirmou que já teria experiência neste tipo de procedimento, com cerca de 50 aplicações.
Ainda segundo a polícia, Isabella afirmou que a paciente estava conversando durante o procedimento, mas que após alguns minutos, ela já estava preparando anestesia para o outro lado, porque um dos lados já havia sido feito. Mas, que, então, a fotógrafa começou a sentir dor, ardor e queimação.
“Aí, elas pararam porque Roberta começou a sentir uns calafrios. Desligaram o ar condicionado. Cobriram, e a melhora foi rápida. Só que essa melhora foi leve e, logo em seguida, ela começou a convulsionar”, acrescentou o policial.
Na época o delegado disse que o depoimento de Isabella foi similar ao já dado pela biomédica Vanuza Aguilar Takata.