O novo vírus da Febre do Oropouche – doença sem cura e cujos sintomas se assemelham aos da dengue – se replica 100 vezes mais que o original e infecta pacientes que já tiveram a doença, ou seja, escapa da da resposta imune do organismo.
A constatação é de um estudo feito pelo Instituto de Biologia da Unicamp, em parceria com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), University of Kentucky, Imperial College London, The University of Texas Medical Branch, Instituto de Medicina Tropical e Universidade Federal do Amazonas.
Além disso, o estudo constatou que este ano o aumento de infectados pela doença cresceu quase 200 vezes em relação à quantidade de casos relatados na última década. Constatou também que a enfermidade foi detectada nas cinco regiões brasileiras, incluindo em áreas que até então não eram endêmicas.
“O vírus do oropouche circula há bastante tempo no Brasil, principalmente, na região amazônica. Sua detecção inicial foi realizada no começo dos anos de 1960. O oropouche sempre foi apontado como um vírus com potencial emergente, com capacidade de se disseminar para outras regiões do Brasil. Mas sua detecção estava restrita à região amazônica, até que, em 2024, tivemos uma explosão de casos. Os fatores por trás desse aumento ainda não são totalmente entendidos”, afirma o pesquisador José Luiz Módena, docente do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes.
Mas, de acordo com o professor, uma das possíveis explicações para o aumento dos casos é a ampliação da atividade humana em regiões de floresta e o aquecimento global.
O vírus da Febre do Oropouche
O Ministério da Saúde define a febre do Oropouche como doença causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificado pela primeira vez no Brasil, em 1960, a partir da amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no país, sobretudo na região amazônica, considerada endêmica.
Em 2024, entretanto, a doença passou a preocupar autoridades sanitárias brasileiras. Até o início de julho, mais de 7 mil casos haviam sido confirmados no País, com transmissão autóctone em pelo menos 16 unidades federativas.
Transmissão acontece principalmente por meio do vetor Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo silvestre, bichos-preguiça e primatas não-humanos (e possivelmente aves silvestres e roedores) atuam como hospedeiros.
Há registros de isolamento do vírus em outras espécies de insetos, como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus.
Já no ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros. Nesse cenário, o mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente conhecido como pernilongo e comumente encontrado em ambientes urbanos, também pode transmitir o vírus.
Sintomas
- dor de cabeça intensa
- dor muscular
- náusea
- diarreia
Quadro clínico agudo evolui com:
- febre de início súbito
dor articular - tontura
- dor retro-ocular
- calafrios
- fotofobia
- vômitos
Mortes inéditas
A Bahia confirmou este ano duas mortes por febre do Oropouche no estado. Até então, não havia nenhum registro de óbito associado à infecção em todo o mundo.
De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia, as mortes foram registradas em pacientes sem comorbidades e não gestantes. A primeira morte, uma mulher de 24 anos que residia no município de Valença, ocorreu no dia 27 de março. O segundo óbito, uma mulher de 21 anos que residia em Camamu, foi registrado no dia 10 de maio.
Houve ainda um caso de óbito fetal com 30 semanas de gestação. Foi identificado material genético do vírus no cordão umbilical, placenta e diversos órgãos fetais, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço.
Tratamento para doença causada pelo vírus do Oropouche
Não há. A orientação das autoridades sanitárias brasileiras é que os pacientes permaneçam em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico. Em caso de sintomas suspeitos, o ministério pede que o paciente procure ajuda médica imediatamente e informe sobre uma exposição potencial à doença.
Prevenção
- Evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição às picadas dos vetores
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele
- Limpar terrenos e locais de criação de animais
- Recolher folhas e frutos que caem no solo
- Usar telas de malha fina em portas e janelas
Com informações da Agência Brasil
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