A Polícia Federal de Campinas detalhou, na manhã desta terça-feira (4), como funcionava a organização internacional que usava passageiros de voos internacionais como “mulas”, ingerindo drogas para transporte até a Europa. Hoje, a corporação fez uma operação contra a quadrilha, acusada de usar brasileiros, em sua maior parte transexuais, para ingerir grandes quantidades de entorpecentes para transportá-las até o continente europeu, em viagens feitas pelo Aeroporto Internacional de Viracopos. A corporação informou que vai aumentar em 33% o efetivo de trabalho no aeroporto, por causa dos casos de tráfico.
Segundo a polícia, o aumento no efetivo da corporação vai acontecer a partir do próximo dia 13. De acordo com a corporação, em apenas 19 dias (entre os dias 6 e 24 de março), seis pessoas foram presas em Viracopos tentando embarcar com um total de 11 kg de cocaína com destino à Europa.
COMO AGIA
Segundo o chefe da Polícia Federal de Campinas, Edson de Souza, as vítimas aliciadas para o tráfico são em maioria do Nordeste. Após ingerirem as drogas, elas são encaminhadas para a França ou Portugal.
“Normalmente há dois destinos que escolhem com mais frequência. Orly ou Paris na França, e outro destino é Lisboa. Há justamente entre os recrutadores a busca por pessoas vulneráveis ou em condições precárias, que normalmente estão distantes dos grandes centros e das informações. Neste caso, a principal fonte de recurso humano para o tráfico era o Nordeste”, informou.
Segundo a Polícia, as pessoas ingeriam capsulas de cocaína pura. As “mulas”, como são chamadas, são aliciadas em eventos de beleza e encaminhadas para São Paulo para fazer a ingestão da droga.
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“Eles aliciavam essas pessoas em eventos de maquiagem e de cabelereiros. Esse é modus operandis de 100% dos casos. As pessoas são trazidas de regiões mais distantes para a cidade de São Paulo, em bairros como Liberdade ou Moca. Alí eles permanecessem o tempo necessário para engolir a droga. Quando estão com a droga ingerida são trazidas de carro para Viracopos, bem perto do voo, para embarcar com destino ao ambiente Europeu, e lá há organização para recepção dessas pessoas, pagamento e embarcar elas de volta”, completou.
Segundo a polícia, três mandados de busca e apreensão, expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas, foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Goiânia (GO) e Brasília (DF). Os investigados são os suspeitos de serem os organizadores e recrutadores de pessoas para o transporte da droga, com a exploração de vulneráveis. Dos mandados de busca cumpridos hoje, dois dos investigados são estrangeiros que já foram presos por tráfico de drogas. Um deles é procurado pela Justiça.
A INVESTIGAÇÃO
De acordo com a Polícia Federal, a investigação começou a partir da prisão em flagrante de dois passageiros (um homem e uma mulher), em 2018. Os dois tentaram embarcar em um voo internacional de Viracopos, em Campinas, para Paris, com drogas ingeridas, sob a falsa alegação que estariam viajando em lua de mel.
“Na oportunidade, dentro do corpo de ambos, foram encontradas 173 cápsulas com um total de 2,7kg de cocaína. Ambos foram presos e condenados. Os dados extraídos dessa ocorrência levaram a identificar ao menos cinco outras ocorrências no Aeroporto Internacional de Viracopos em que as pessoas presas também se declararam trans, revelando indícios de uma rede nacional e internacional de pessoas envolvidas com tráfico de drogas e voltada à exploração de vulneráveis”, informou a polícia.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e organização criminosa, podendo as penas ultrapassar 25 anos de prisão.
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