A região do Circuito das Águas Paulista voltou a registrar temperaturas baixas e geada na madrugada e manhã desta sexta-feira (30). Em Socorro, os termômetros chegaram a marcar 1ºC e para proteger seu cafezal o produtor Douglas Anilton Dantas passou a noite acordado para vigiar o fogo que acendeu na plantação.
A fim de inibir a geada, ele abriu buracos em meio ao cafezal, os encheu de pó de serra e palha de milho e colocou fogo nos furos posicionados estrategicamente. Através da fumaça, a temperatura foi controlada. “Foi a primeira vez que fizemos isso e achei que deu certo. Nós estamos preparados para utilizar do fogo novamente durante as próximas madrugadas”, afirma Dantas.
As geadas que chegaram no início do inverno pegaram o produtor desprevenido. O frio registrado entre os dias 1 e 2 de julho chegou a causar um prejuízo de R$ 12 mil para o agricultor, que teve cerca mil pés de café perdidos. Após o episódio, com o auxílio de agrônomos, Douglas Dantas começou a pesquisar o que poderia ser feito para proteger a plantação e evitar novos prejuízos.
Uma das sugestões dos agrônomos consultados foi irrigar a plantação durante a madrugada para rebater a geada. Porém, a área extensa, cerca de cinco mil hectares, e a baixa disponibilidade de água o fizeram a partir para o chamado “plano B”, o método do fogo.
“Segurou bastante e conseguimos evitar novos prejuízos. Ficamos praticamente a madrugada toda lá, abastecendo o fogo para evitar que ele apagasse. Aqui na região, muitos agricultores também tomaram a mesma atitude. Teve lavoura de pimentão, de tomate, de abacate e muitos outros que aderiram ao método de ascender a fogueira em volta da lavoura”, relata o agricultor.
De acordo com o engenheiro agrônomo Marcelo Duarte, a temperatura média mais adequada para a produção de café é entre 20ºC e 25ºC. Ainda segundo o profissional, uma geada muito forte pode causar a perda total da lavoura. “Dependendo da severidade da geada, os ramos e gemas florais do café podem se queimar, fazendo com que eles morram, causando dano severo”. afirma Duarte.
A produtora de abacate, Isadora Zanesco Montini, utilizou o método de criar focos de fogo em sua plantação também. Ela e a família usaram barris de ferro para a finalidade. Confira o vídeo: