Após a queda de um avião na cidade de Vinhedo, no início da tarde desta sexta-feira (9), que deixou 62 mortos, 58 passageiros e quatro tripulantes, o trabalho de identificação das vítimas e coleta dos restos mortais começa de imediato. O processo, porém, pode ser dificultado se os corpos estiverem carbonizados.
A Polícia Militar informou que 48 corpos já foram encontrados no local. Segundo informações oficiais divulgadas neste sábado (10), 37 corpos já estão no IML (Instituto Médico Legal), e dois deles já foram identificados pelas impressões digitais, ou exame datiloscópico.
A técnica faz parte do protocolo DVI (Identificação de Vítimas de Desastres, em tradução), acionado para garantir que todas as vítimas sejam identificadas de forma precisa e digna. Entre os procedimentos, também estão a análise de DNA e exames ortodônticos. Segundo a Polícia Científica do Paraná, 25 famílias fizeram coleta de material genético.
Além disso, um grupo de 60 familiares das vítimas do voo 2283 deve chegar neste sábado (10) em São Paulo. Eles serão alojados e acolhidos em um hotel no centro de São Paulo, que foi destinado para acolhimento e coleta de material genético. Os familiares poderão dar informações sobre características físicas das pessoas para auxiliar na identificação.
Como funciona a identificação das vítimas?
O primeiro desafio da equipe responsável pela coleta dos fragmentos no local do acidente é de reconhecer o que é tecido humano em meio aos destroços. Essa tarefa pode ser difícil, devido à mistura dos corpos com outros materiais, como fuligem e concreto.
Na sequência, os restos mortais são encaminhados para o IML, onde a Polícia Técnico-Científica seleciona as partes em que é possível obter amostras de material genético, que são enviados para o Laboratório de DNA da Polícia Técnico-Científica. Os testes revelam perfis genéticos que se repetem, o que permite distinguir um indivíduo do outro.
Uma das primeiras tentativas de identificação, quando possível, é realização do exame de necropapiloscopia, com a coleta das impressões digitais. Caso o exame seja inviabilizado, os peritos realizam o exame odontolegal, onde são analisados e comparados os arcos dentários com a documentação de atendimentos clínicos odontológicos, tratamentos ortodônticos e até mesmo fotografias da vítima sorrindo em vida apresentadas pela família.
Os médicos-legistas vão reconhecer os corpos por impressão digital, prontuário odontológico, exame de DNA, tatuagens, cicatrizes, brincos, anéis, etc. A comparação desses resultados com os testes feitos nos restos mortais é o que vai permitir a identificação dos corpos.
“A identificação de corpos em acidente aéreos é sempre um desafio por conta da carbonização. Neste caso, serão necessários exames de DNA, além da reunião de outros elementos que ajudem na identificação, como exames de arcada dentária, ficha odontológica, fotografias que registrem o sorriso da pessoa, prontuários médicos, entre outros”, detalhou a médica perita Caroline Daitx.
O trabalho conta com a participação de diversos profissionais, entre peritos, médicos legistas, papiloscopistas e especialistas em acidentes aeronáuticos.
Resultados da identificação
Os resultados desses exames saem, em média, entre 48 e 72 horas.
“Mas podem demorar mais por conta do volume de amostrar em decorrência do número de vítimas”, alerta Caroline.
Caso não haja resultado compatível ou satisfatório, a identificação passa para a última etapa, que é a realização do exame de DNA. Neste caso, são coletados material biológico no corpo da vítima e de um familiar de primeiro grau e essas amostras são encaminhadas para análise.
Lista de vítimas do acidente de avião em Vinhedo
Clique aqui para ver a lista das pessoas que morreram no acidente. Constantino Thé Maia, de 50 anos, não está na lista, mas foi confirmado como um dos passageiros presentes no avião que caiu. Ao todo, 62 pessoas estavam a bordo, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes.
Inicialmente, a Voepass informou que 62 pessoas estavam a bordo. Posteriormente, passou a divulgar a lista com 61 ocupantes. Neste sábado (10), a companhia voltou a informar que 62 pessoas morreram na queda do avião em Vinhedo.
O avião saiu de Cascavel às 11h46 e pousaria em Guarulhos. A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o acidente.
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