Em crise e com dificuldades financeiras, as Santas Casas de Campinas e Valinhos temem não conseguir suprir a demanda e manter os atendimentos. A falta de repasses adequados afeta instituições em todo o País (veja abaixo).
Em Campinas, a unidade recebe pacientes de toda a região pela Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), mas o provedor do hospital, Murilo Antônio, diz que a readequação das verbas poderia ampliar os leitos.
Segundo ele, o local tem atualmente 75 leitos, mas poderia ter 150, incluindo a unidade de queimados, que teve um aumento de mais de 120% na demanda durante a pandemia por conta dos acidentes envolvendo o uso de álcool em gel.
“Se agravou muito a situação das unidades filantrópicas que atendem o SUS (Sistema Único de Saúde), porque há 15 anos não há reajuste na tabela do custeio de todos os procedimentos clínicos e cirúrgicos”, argumenta ele.
EM VALINHOS
Atualmente em obras para ampliar a capacidade do PS (pronto socorro), a Santa Casa de Valinhos se esforça para manter a meta de direcionar os serviços 60% para atendimento do SUS. A conta, porém, fecha no vermelho há vários meses.
O provedor da Santa Casa de Valinhos, José Luiz Zanivan, detalha que o custo mensal atual é de cerca de R$ 7 milhões, mas, como recebe pouco mais de metade disso, precisou apelar a uma campanha para buscar repasses privados.
“Nosso custo mensal na Santa Casa é de, em média, R$ 7 milhões. Desse total, 60% seria o equivalente a R$ 4,2 milhões, mas eu só recebo em média, R$ 2,6 milhões, ou R$ 2,8 milhões, no máximo, do Poder Público”, explica Zanivan.
Se o dinheiro chegasse aos cofres da instituição na quantidade adequada, o provedor afirma que uma ala que atualmente é ocupada provisoriamente por serviços administrativos, poderia se transformar e receber 14 novos leitos.
PROTESTO EM BRASÍLIA
A dificuldade não é exclusividade da região. Nesta semana, um protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, chamou a atenção para a situação crítica das finanças nos hospitais filantrópicos em todos os estados brasileiros.
Conforme o presidente da CMB (Confederação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas), Mirócles Veras, essa é a pior situação vivida pelas unidades na história. Somado, o endividamento chega a R$ 10 bilhões.
“As instituições se viram obrigadas a ir a bancos pedir para financiar a saúde pública. O endividamento é de R$ 10 bilhões. Deste valor, R$ 8 bilhões só na Caixa Econômica Federal, com juros que podíamos colocar na assistência”, diz.
A preocupação é com o futuro dessas instituições, que poderiam não suportar mais a pressão no atendimento público diário e o rombo nos cofres, o que culminaria na suspensão do atendimento aos brasileiros mais carentes.
O QUE DIZ O ESTADO
Procurada, a secretaria de Saúde do Estado disse que quase dobrou os recursos pra custeio dos hospitais filantrópicos e Santas Casas da região com o programa Mais Santas Casas, lançado no final do ano passado.
Neste ano, segundo a nota, as unidades receberam R$ 108 milhões, quase duas vezes mais que o ano passado, e o número de beneficiadas saltou de 11 pra 30. O Ministério da Saúde não enviou qualquer resposta.
(Com a colaboração de Larissa Castro/EPTV Campinas)