Muitas pessoas desconhecem, mas a secretaria de Saúde de Campinas mantém hortas com plantas medicinais distribuídas pelos Centros de Saúde da cidade. O objetivo é valorizar o conhecimento popular, aliando-o ao conhecimento científico, promovendo tratamentos complementares. A ação recebe o nome de Projeto Farmácia Viva e está ativa em Campinas desde os anos 1990.
Em 2017, com recursos provenientes do Lapacis (Grupo de Plantas Medicinais e Fitoterapia do Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde) da Unicamp, o projeto expandiu-se e tem transformado a vida dos pacientes da cidade desde então.
As hortas não apenas fornecem plantas utilizadas como medicamentos, mas também são utilizadas em receitas caseiras para compressas, xaropes, chás e até temperos.
O processo abrange todas as etapas, desde o cultivo até a dispensação, passando pela coleta, processamento e armazenamento dos fitoterápicos.

Atualmente, 44 dos 68 Centros de Saúde da cidade contam com o Programa Farmácia Viva. Confira aqui todos os que possuem as hortas.
Centros se adaptam à realidade
Os benefícios das hortas não se limitam apenas aos aspectos físicos da população. No Centro de Saúde Satélite Íris, por exemplo, nada pode ser plantado no solo devido à existência anterior de um lixão no local.
“Então, recolhemos vasos, baldes, bacias, vasilhas plásticas, que poderiam se tornar criadouros de dengue e outros recipientes que podem ser reutilizados“, afirma a agente comunitária de saúde Rosimaire Teles Gomes da Silva.
A farmacêutica Ana Elisa Roveri relata que só neste Centro de Saúde existem mais de 100 espécies medicinais. “Realizamos reuniões mensais (através do Ciranda das Ervas), escolhendo uma planta para discutir. A população traz seu conhecimento, e garantimos que essas mudas sejam usadas com segurança, combinando conhecimento tradicional e científico“.
O farmacêutico Allan Orlando destaca a importância do paciente relatar ao médico todos os medicamentos que está utilizando. “Não basta informar que está tomando medicação para hipertensão. É necessário também relatar o uso de medicamentos para dor de cabeça. O mesmo vale para as plantas medicinais. O prescritor precisa estar ciente de tudo que o paciente está usando“.
Ainda de acordo com Orlando, o principal em termos de plantas medicinas é que seja feito um uso racional. “Porque não é porque é natural que não possa fazer mal”, afirmou.
Os preferidos das hortas
Para a moradora da região e usuária frequente da Farmácia Viva, Rosangela Teles Gomes dos Santos, “boldo é abençoado”.
Já o ‘preferido’ de seo Alcides Antônio Tranchini é o broto de goiaba. “É só ferver quando alguém está com diarreia, que melhora”. O aposentado é frequentado assíduo das reuniões e passa o conhecimento que adquire no Centro de Saúde aos netos.
A horta traz ainda como benefício o estreitamento dos laços entre a comunidade. “A primeira planta que a gente plantou aqui no Ipaussurama foi a terramicina. A gente gosta muito de mudas. Somos as ‘pendiduras’ do bairro. A gente passa nas casas e sai pedindo muda mesmo”, brinca a agente comunitária de saúde Ana Paula da Silva.
Conheça o histórico das hortas
Em 20 de abril de 2010, a Farmácia Viva foi instituída no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). Já no âmbito de Campinas, o Programa de Fitoterapia da secretaria municipal de Saúde foi instituído em 12 de novembro de 2001, tornando-se lei municipal através da Lei 13.888, de 19 de julho de 2010.
Mas, o trabalho com fitoterapia na cidade começou bem antes. Teve início em 1990, quando foi implantado um horto com 60 espécies de plantas medicinais em no CS Joaquim Egídio (Distrito Leste).
Em 2006, especificamente, foi criado o projeto Ciranda das Ervas, que possibilita a troca de saberes com a população, bem como o resgate do conhecimento popular, e que é realizado nas unidades básicas de saúde de Campinas.
Em outubro de 2008, a Prefeitura, em parceria com a Unicamp, lançou uma cartilha intitulada Plantas Medicinais, onde há informações sobre os principais fitoterápicos brasileiros, a forma correta de preepará-los e utilizá-los. A cartilha está disponível gratuitamente para quem quiser acessá-la aqui.
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