Servidores técnico-administrativos da Unicamp entraram em greve nesta segunda-feira (28), contra a implantação do ponto eletrônico que monitora a presença dos funcionários nos campi da universidade. O boletim publicado pelo sindicato da categoria, o STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp), informa que eles também reivindicam uma série de medidas econômicas – como aumento do VR (veja lista abaixo).
A mobilização inclui a participação de funcionários dos dois colégios técnicos da Unicamp, Cotuca e Cotil, mas não conta com os professores, que são representados pela Adunicamp (Associação de Docentes da Unicamp). De acordo com o STU, a decisão da greve foi tomada em assembleia realizada na última quinta-feira (24).
O principal protesto é contra o ponto eletrônico que, segundo o sindicato, “fere a autonomia universitária e o trabalho qualitativo do funcionalismo público”. A diretora do STU, Gabriela Barros Gonçalves, considera que ele é um instrumento de medida quantitativa do trabalho realizado, além de afirmar que não houve diálogo ou negociação com os trabalhadores para sua implantação.
“Essa reitoria que está na gestão da Unicamp nunca recebeu o sindicato para negociar nada, nenhuma pauta e campanha salarial”, contou.
Segundo ela, a decisão de implementar o ponto eletrônico veio de uma denúncia ao Ministério Público, em que foi questionado que os plantonistas da Unicamp estariam descumprindo os turnos de plantão médico. A partir disso, a gestão optou por adotar a ferramenta.
No entanto, Gabriela afirma que há uma diferenciação de controle, em que apenas os servidores técnico-administrativos teriam que fazer o registro do ponto eletrônico, enquanto professores e médicos, por exemplo, não vão ter essa obrigatoriedade.
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Quando será a implantação do ponto eletrônico na Unicamp?
A adoção do ponto eletrônico foi divulgada pela Unicamp em março deste ano, em que ocorreu a partir da assinatura de um acordo com o MP-SP (Ministério Público de São Paulo). Conforme a publicação, a expectativa é que o processo esteja concluído em toda a universidade até 30 de junho de 2024, com a possibilidade de prorrogação do prazo por mais seis meses.
A implantação do sistema de monitoramento deve ser realizada em quatro etapas:
1. Discussão do projeto com as entidades representativas dos servidores, definição da solução tecnológica a ser usada e a elaboração do cronograma de implantação em cada uma das fases;
2. Entre 1º de agosto e 31 de dezembro deste ano – implantação do ponto eletrônico na Administração Central (Gabinete do Reitor, Coordenadoria Geral da Universidade, Pró-reitorias e Diretorias Executivas), além de parte da área de Saúde (Hospital da Mulher-Caism, Centro de Saúde da Comunidade e no Gastrocentro);
3. Implantação final na Administração Central e na área da saúde, abrangendo o Hospital das Clínicas, o Hemocentro e demais órgãos;
4. Implantação do ponto eletrônico nas Unidades de Ensino, Pesquisa e Extensão (institutos e faculdades), Centros e Núcleos de Pesquisa.
Mais reinvindicações da greve
Além do protesto contra o ponto eletrônico, confira quais são as outras reivindicações da greve dos funcionários da Unicamp:
– Pelo abono de R$ 10 mil
– Isonomia com a USP
– Pagamento salarial no 1º dia útil do mês
– Negociação da pauta específica de 2023
– VR (Vale-refeição) de R$ 990 (22 dias trabalhados), com desconto de R$ 1
– Auxílio-nutrição para os aposentados no valor do vale-alimentação.
O que diz a Unicamp?
Em nota, a Unicamp informou que a implantação do ponto eletrônico não é uma opção da gestão atual da Reitoria, mas uma determinação do Ministério Público, ratificada por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).
A universidade teria ficado encarregada de organizar a forma e o cronograma de implantação da ferramenta, que ocorrerá “de maneira gradual, planejada e em diálogo com os diversos órgãos e unidades”. “Ressalta-se que, nesta implantação, nenhum direito trabalhista será suprimido e seus componentes estão em coerência com aquilo que é comumente praticado no funcionalismo público estadual”, informou.
Ainda foi comunicado que, sob a gestão do Professor Antonio José de Almeida Meirelle e sua equipe, os servidores não docentes foram contemplados por uma política salarial e de benefícios composta, dentre outros, por:
a) Dois reajustes salariais que somam percentual de 33,35% (20,67% em 2022 e 10,51% em 2023), garantindo a recuperação das perdas salariais existentes entre maio de 2018 e abril de 2023;
b) O reajuste do auxílio-alimentação no percentual de 39%, passando de R$ 970,00 em 2021 para R$ 1.350,00 em 2023;
c) A criação do auxílio-refeição com o valor de R$ 36,00 por dia trabalhado, totalizando-se em torno de R$ 792,00 por mês;
d) Um plano de progressão de carreira que atingiu 4.315 servidores com aumento real de salário, ou seja, 66,14% dos 6.524 servidores técnico-administrativos ativos.
Ainda segundo a universidade, até o presente momento, as atividades de ensino, pesquisa e extensão estão ocorrendo normalmente. A reitoria está consultando os diversos órgãos e unidades para avaliar o possível comprometimento de atividades e serviços.
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