O suspeito de 43 anos acusado de um ataque racista em um bar no distrito de Barão Geraldo e também de balear duas pessoas em outro estabelecimento comercial em Paulínia, no começo desse mês, foi indiciado pela Polícia Civil das duas cidades.
Em Campinas, de acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, o caso é investigado pelo 7º DP (Distrito Policial) de Campinas, no distrito. No local, até o momento, duas vítimas foram ouvidas e o inquérito corre sob sigilo.
Já em Paulínia, o suspeito foi indiciado por homicídio tentado no dia do flagrante, dia 6 de maio. Este inquérito foi encerrado e encontra-se no fórum, informou a Polícia Civil.
Desde o dia dos ataques, o acusado está preso preventivamente. Ou seja, ele ficará detido até o final do processo.
Ontem, a Câmara de Campinas aprovou por 22 votos a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar ocorrências de racismo e violência de grupos neonazistas e fascistas na cidade (leia mais aqui).
RELEMBRE O CASO
O homem de 43 anos é acusado de estar com um grupo armado que fez disparos e ameaçou pessoas negras no Bar do Ademir, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Após esse ataque, o grupo também fez disparos que atingiram clientes de outro bar, em Paulínia.
A informação foi confirmada pela GM (Guarda Municipal) de Paulínia no dia 9 de maio. De acordo com a corporação, duas pessoas foram atingidas.
A GM de Paulínia informou ainda que uma das vítimas foi baleada no abdômen e outra foi atingida com tiros no pé e na mão direita. No local, o suspeito sacou a arma e efetuou os disparos, sem um alvo definido. Depois, o grupo seguiu para um terceiro bar, onde foram detidos pela Guarda Municipal.
EM BARÃO
Em Barão Geraldo, testemunhas disseram que os atos foram racistas. Algumas relataram que um dos homens exibia um símbolo nazista, um suástica, nas vestes. O MP (Ministério Público) também investiga o caso e instaurou um procedimento para apurar ato de racismo.
RELATOS
Uma testemunha que prefere não se identificar conta que três homens pararam o carro no meio da rua e desceram ameaçando um funcionário do bar de Barão Geraldo, que tem origem africana. O caso foi por volta de 22h de sexta (6).
“Eu olhei pro lado e eu vi um rapaz dando um soco no dono do bar. Aí o dono do bar segurou a mão dele. Aí os outros dois entraram no carro e ele puxou um revólver. Atirou, deu três tiros pra cima e começou a fazer, a imitar um macaco. Na minha opinião, tem conotação racista, porque além disso ele apontou a arma pro DJ, que também é negro e estava dentro do bar”, disse.
O dono do bar afirmou que os homens queriam levar o funcionário dentro do carro, e que ele tentou impedir. “Eu fui tentar apartar a confusão no momento que esses indivíduos tiraram o revólver da cintura e começaram a me ameaçar. Eu cheguei a levar dois socos no rosto e entrei no bar, né. Assim que eu retornei, já houve três disparos e eles foram embora”, disse.
O proprietário disse ainda que quando viu uma arma ficou desesperado e paralisou. “Sei que intimidaram o funcionário. E quando apontou a arma para mim, eu paralisei”. Ele falou também que o bar tem mais de 20 anos e que, para ele, foi um caso de racismo. “Não tem porquê. Eles nem estavam no bar consumindo nada”, disse.