Os cães nos ensinam muitas coisas, e, uma delas, é que trabalho sério não precisa ser ‘chato’. Prova disso é que a equipe de repressão a drogas, do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, tem como membro fundamental o pastor Dark, para quem a atividade é tão prazerosa, que mais parece uma brincadeira.
Só este ano, Dark ajudou a encontrar sete toneladas de entorpecentes no terminal, um aumento de 30% em comparação a 2022. Por conseguinte, auxiliou nas 43 prisões por tráfico. O crescimento é devido ao trabalho em conjunto, que integra os agentes da Receita Federal – da qual Dark faz parte – e da Polícia Federal, que atua no aeroporto.
“O cão é uma ferramenta indispensável, que complementa todo esse trabalho em parceria”, afirma o analista tributário Cleiber Ferreira, da Alfândega de Viracopos.
“O cão se destaca ao identificar drogas em bagagens de passageiros que estão meticulosamente ocultadas, dificultando a análise por raio x. Entre as deste ano, se destacam as que estavam engomadas em roupas e as que estavam dentro de forros. Sem o auxílio do cão, essas apreensões seriam impossíveis”, declara.
Vamos brincar?
O treinamento começa quando o cãozinho é apenas um filhote, entre dois e três meses de idade, passando por um “cursinho” de socialização e comandos básicos de obediência.
A partir daí, ele escolhe um brinquedo que o adestrador irá utilizar para que o cão associe a brincadeira ao odor que se quer encontrar (no caso, a de entorpecentes).
O grau de dificuldade vai aumentando e, sempre que o animal encontra o brinquedo, recebe reforço positivo por meio de elogios e agrados, que podem ser petiscos, por exemplo.
“Em nenhum momento do curso, nem no trabalho, o cão entra em contato com a droga”, explica a médica-veterinária Lilian Véras de Souza Lima, responsável pelo primeiro canil em Viracopos, fundado há 20 anos. Por este motivo, eles são treinados apenas com o odor da substancia.
“Ter cães de faro surgiu da necessidade de atuação contra o tráfico de drogas que vinha crescendo. Para as operações, chamávamos o canil da PM, que nem sempre podia vir porque também tinha suas operações de combate a drogas na rua”, relembra.
A alfândega começou com um cão, o Black, um pastor alemão preto, filhote que veio da Ucrânia e que foi treinado para detectar drogas, armas e munição.
Peneira
O critério de seleção do programa K-9 é bem rígido e contempla os seguintes critérios:
- Aptidão física: o cão precisa estar em excelentes condições de saúde;
- Aptidão social: deve estar socializado, não temendo ambientes nem pessoas, além de ser equilibrado e não agressivo
- Aptidão técnica: ter um instinto natural aguçado para caçar (procurar, perseguir e capturar). Esse item é primordial para definir se ele vai ou não entrar para o quadro de servidores da Receita
A veterinária Lilian lembra também que não são todos os cães que têm aptidão para farejar. “Não se trata de raça (embora alguns cães de determinadas raças sejam mais aptos) nem de treinamento. Mas cães de “nariz curto ou achatado”, como pugs, rottweillers, shih tzus, não são bons farejadores, uma vez que o cão precisa farejar com as narinas, com a boca fechada. Mas temos cães sem raça definida (SRD) na perícia da polícia civil, fazendo um ótimo trabalho”.
Os que têm mais pré-disposição ao faro aguçado são os pastores alemães e belgas malinois porque essas raças foram desenvolvidas geneticamente ao longo do tempo justamente para isso.
Aposentadoria
Na Receita Federal, o programa de aposentadoria canina é a partir de 8 anos de idade, dependendo das condições individuais de saúde do cachorro. Quando se aposentam, os cães podem ser adotados pelo condutor ou por alguém interessado. Mas, até hoje, em Viracopos, foram adotados por seus respectivos condutores.
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