Motivo de otimismo entre os comerciantes e frequentadores após anos de degradação na região entre as avenidas Andrade Neves e Barão de Itapura, em Campinas, o Hospital São Luiz funciona há dois meses no terreno que já alterou por diversas vezes a paisagem do bairro Botafogo. A história da área começa no início do século passado, mas teve vários momentos até chegar à fase atual.
Com 7,5 mil m², o espaço teve a destinação alterada drasticamente em 1910, ano em que a Câmara de Campinas aprovou a cessão do lugar para a construção da Maternidade de Campinas com o intuito de atender mães carentes. A obra foi concluída em outubro de 1913, quando a unidade de saúde foi fundada. O hospital funcionou ali até 1965, ano em que se mudou para a Vila Itapura.
Responsável pelo terreno mesmo após a mudança, a Maternidade recebeu da Prefeitura o direito de construir e explorar na área o terminal rodoviário de Campinas. O projeto, que incluía a concessão por 40 anos, saiu do papel em junho de 1973, quando foi inaugurada a Estação Rodoviária Doutor Barbosa de Barros, com entrada principal para os passageiros pela Rua Barão de Parnaíba.
PROBLEMAS E COLAPSO
Com 12 plataformas de embarque abaixo do piso de acesso, a rodoviária funcionou no local por 35 anos. Ao longo desse período, no entanto, passou por diversos problemas. Entre eles, a paralisação das obras de um centro de compras no prédio em 1989, situação que assustou os usuários do terminal e os vizinhos que conviviam com crimes, o tráfico de drogas e a prostituição.
Já com a estrutura de lojas pronta e recebendo cada vez mais passageiros, a rodoviária de Campinas entra nos anos 90 defasada e sofrendo com frequentes situações de colapso devido ao espaço físico insuficiente. Em meio a discussões sobre soluções para o local e de ideias sobre a construção de um novo terminal rodoviário na cidade, o contrato com a Maternidade foi renovado até 1999.
Ainda em crise, principalmente durante os feriados devido ao fluxo grande de usuários, a Estação Rodoviária Doutor Barbosa de Barros teve o seu fim decretado em 2006, quando o projeto do atual Terminal Multimodal Doutor Ramos de Azevedo foi apresentado. As obras começaram em 2007 e foram concluídas em junho de 2008, quando a antiga rodoviária foi, enfim, desativada.
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IMPLOSÃO E VAZIO URBANO
Em 2010, após dois anos de abandono, a velha estação foi novamente envolvida em um momento simbólico de Campinas. Naquele ano, foi feito o anúncio de que a construção seria demolida pelo sistema de implosão, a primeira ação desse tipo na cidade. A detonação custou R$ 480 mil reais, valor que foi dividido entre a Maternidade, ainda dona do terreno, e a Prefeitura Municipal.
Para a execução da medida, todo o entorno foi interditado e um grande esquema foi montado pela Administração Municipal e os órgãos de segurança. Ao todo, foram usados 200 kg de dinamite para a demolição do conjunto e a estrutura foi abaixo em apenas dois segundos. A implosão gerou 12 mil toneladas de entulhos, resto que foram retirados durante uma operação que durou 45 dias.
Sem uso após quase 100 anos, o terreno vazio deu lugar a uma série de incertezas. Alvo de reclamações por conta da insegurança antes mesmo da demolição da rodoviária, o vazio surgido no endereço não aliviou a situação. Para piorar, um imbróglio jurídico estendeu a espera por uma solução por 10 anos. No período, o terreno voltou a pertencer à Prefeitura e foi adquirido pela Rede D’Or, que só conseguiu iniciar as obras do novo hospital na pandemia.
HOSPITAL PARTICULAR
Funcionando de forma parcial atualmente, já que o processo de abertura de leitos será gradativo, o Hospital São Luiz tem atualmente 161 vagas instaladas e 50 operacionais, mas se prepara para operar com a capacidade total nos próximos meses: dos 325 leitos de internação, 243 serão de internação adulta (10 para maternidade), nove de internação pediátrica, 52 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Adulto, 13 de UTI Neonatal, além de oito de UTI pediátrica.
O prédio de 12 andares e 47 mil m² tem custo cerca de R$ 350 milhões e terá equipamentos de tomografia computadorizada, ressonância magnética, hemodinâmica e cirurgia robótica. Entre as 40 especialidades, estão neurologia e hematologia. Além disso, os pacientes oncológicos terão acesso desde o diagnóstico até quimioterapias, radioterapias e cirurgias (LEIA MAIS AQUI).
Construído no terreno histórico, o complexo é visto como a confirmação da recuperação da situação de degradação vivida antes e depois da implosão do terminal. Em meio, pouco antes da inauguração, os comerciantes do entorno confirmaram que a expectativa era boa, principalmente pelo aumento na movimentação de pessoas e na redução da insegurança (CLIQUE NO LINK).
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