Após enfrentar uma crise que resultou no fechamento de várias lojas em todo o país e no pedido de falência na Justiça, a Tok&Stok, maior varejista de móveis do Brasil, informou ao acidade on que continua operando com uma loja em Campinas. A loja que antes estava localizada dentro do Shopping Iguatemi e era focada em decoração foi fechada, porém a empresa assegurou que a unidade na Vila Brandina, próxima ao Iguatemi e ao lado do hipermercado Carrefour, continuará com suas operações normalmente – negando um futuro fechamento.
No total, a empresa fechou 17 lojas em todo o país, mantendo 51 em funcionamento, incluindo a única unidade em Campinas. De acordo com a companhia, os fechamentos ocorreram em lojas que não apresentavam rentabilidade, enquanto as lojas que permanecem abertas estão operando de forma positiva.
A tradicional empresa de móveis e decoração anunciou recentemente a assinatura de um acordo para reperfilamento de toda a sua dívida bancária. Como parte desse processo, a empresa conseguiu renegociar mais de R$ 300 milhões em dívidas. Além disso, a companhia recebeu um aporte de capital dos seus sócios, o que fortaleceu suas operações e possibilitando sua reestruturação financeira (leia mais abaixo).
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A DÍVIDA
A empresa teve a dívida estimada em R$ 600 milhões, e um erro estratégico pode ter impactado o endividamento. Depois de registrar um 2020 excelente, embalado pelas vendas digitais durante a pandemia de covid-19, a empresa de móveis fez uma série de investimentos e cogitou até mesmo abrir capital na bolsa de valores.
No entanto, o fim das medidas sanitárias esfriou as vendas digitais. A alta na taxa de juros encareceu a compra de imóveis e as linhas de crédito para reforma, o que impactou também as vendas em lojas físicas. O faturamento encolheu em 2021 e 2022.
A REESTRUTURAÇÃO
A Tok&Stok informou que finalizou reestruturação de sua dívida bancária, que soma cerca de R$ 350 milhões, e anunciou o recebimento de R$ 100 milhões de seus sócios, entre eles o fundo Carlyle, seu acionista controlador.
Segundo a empresa, a reestruturação da dívida permitirá a liberação do pagamento aos bancos pelos próximos dois anos, “permitindo que a operação volte a ser prioridade.”
A Tok&Stok diz que sua estratégia de recuperação prevê um “back to basics” (volta ao básico), que inclui a simplificação do organograma da companhia, da gestão de processos nas lojas e da operação do centro de distribuição. Também está prevista uma “transformação digital rentável”, afirma a empresa.
Os alertas sobre a situação econômica da rede de varejo foram dados depois que o Vinci Logística Fundo Imobiliário foi à Justiça para despejar o centro de distribuição da Tok&Stok, em Extrema (MG), por atraso no pagamento de aluguel. A ação foi encerrada depois que a rede quitou o débito.
No início de junho, o Iguatemi de Ribeirão Preto (interior de São Paulo) conseguiu uma liminar para obrigar a varejista a desocupar a loja que aluga. A rede estaria inadimplente com o pagamento da locação desde fevereiro e já deve R$ 212,7 mil, segundo a decisão.
A Tok&Stok não detalhou se a renegociação de dívidas inclui também as ações de despejo –a rede Iguatemi tem pelo menos outros dois processos de despejo– ou um pedido de falência apresentado por um prestador de serviços.
“O aporte fortalece o caixa da companhia em um momento em que a dívida bancária de aproximadamente R$ 350 milhões foi reestruturada, liberando os próximos dois anos de pagamento aos bancos e permitindo que a operação volte a ser prioridade. A conclusão dessa reestruturação financeira representa um sinal de confiança tanto dos credores financeiros, como dos próprios acionistas, que seguem otimistas em relação à retomada operacional da marca”, informou a companhia.
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