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CotidianoUnicamp abre processo e pode demitir professor flagrado com faca

Unicamp abre processo e pode demitir professor flagrado com faca

Reitor vê ‘materialidade’ e ‘autoria’ em caso de agressão e ameaça; docente já havia sido afastado por instituto

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A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) anunciou na tarde desta quarta-feira (4) a abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra o professor Rafael Leão, do Imecc (Instituto de Matemática Estatística e Computação Científica), acusado de agredir um aluno com uso de uma faca e de spray de pimenta. Mais cedo, o afastamento do docente foi comunicado devido às acusações.

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O processo, que será conduzido pela CPP (Comissão Processante Permanente), deve ser aberto em aproximadamente oito dias e poderá culminar com a demissão de Rafael. O prazo para a conclusão dos trabalhos da CPP é de 60 dias, com possível prorrogação por igual período. A decisão foi tomada pelo reitor, Antonio José de Almeida Meirelles, que viu “materialidade verificada” e “autoria definida”.

A mudança de postura se dá pela ameaça ter sido flagrado por câmeras. Na justificativa de Meirelles, o relatório elaborado pela SVC (Secretaria de Vivência nos Campi), responsável pela segurança no campus, revela que o professor portava a arma e o spray quando abordou o aluno. “O que aconteceu foi de extrema gravidade. É inadmissível, sob qualquer ponto de vista. Na verdade, um dos episódios mais tristes da história da Unicamp”, disse o reitor.

“A gente tem de lamentar, mas não apenas lamentar. Temos de tomar providências para garantir que episódios como esses jamais voltem a acontecer”, acrescentou. “Reconheço a legitimidade do movimento estudantil e respeito seus pleitos, mas a instituição deve seguir protocolos e prazos. Quero deixar claro, contudo, que não será usado, nesse processo, nenhum expediente protelatório”, garantiu ele.

O afastamento

A informação sobre o afastamento foi divulgada pelo Conselho Interdepartamental do Instituto, e deve acontecer neste segundo semestre. Em nota, o Conselho afirma ainda que os docentes já tinham sido pautados sobre a manifestação no dia anterior, e foram orientados a considerar a suspensão de aulas para “minimizar possíveis conflitos” – contestando a versão apresentada pelo docente, na qual afirmou que só soube sobre o protesto ao chegar.

Questionados sobre a decisão, os advogados de Rafael responderam que a decisão “é extremamente prematura, sem que se haja uma análise apurada da realidade que ocorreu”.

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Novo protesto

Nesta quarta-feira, novamente os estudantes da Unicamp realizaram uma paralisação. Eles protestam, entre outras coisas, pela exoneração do professor. Ontem, os grupos manifestaram contra a privatização de órgãos estaduais e precarização das instituições públicas de ensino, em apoio à greve que acontecia também na capital.

A agressão

Durante a manifestação que gerou bloqueios em salas de aula e em pontos da Unicamp, o professor Rafael de Freitas Leão, foi acusado de agredir e tentar esfaquear um aluno. A acusação foi feita pelo aluno Gustavo Bispo, de 20 anos, que é diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes). Segundo Bispo, além dele, outro estudante teria sido agredido pelo docente.

Em um vídeo publicado nas redes sociais é possível ver o momento em que dois homens, que seriam o docente e o aluno, aparecem brigando ao lado de uma grade, em um andar superior. Os dois se agridem no chão e há muita gritaria. No vídeo é possível ver que o homem, que seria o professor, segura um objeto pontiagudo. Na sequência, dois homens, aparentemente seguranças da universidade, separam a briga e conseguem apreender um objeto que aparenta ser uma faca.

A denúncia

Em uma rede social, Gustavo Bispo denunciou a agressão. “Hoje, no momento em que a Unicamp amanheceu paralisada, ao tentar um diálogo, o professor pegou no meu braço, me jogou no chão e levantou uma faca para mim, vindo para cima”, disse. Ele não ficou ferido.

Outro aluno também disse que o mesmo professor ameaçou o atacar com spray de pimenta, mas foi impedido por outras pessoas. Nas redes sociais, o professor publicou fotos com uma faca e postou uma imagem de um homem com um machado. Apesar da versão dos estudantes, Rafael também registrou um boletim de ocorrência e afirmou que foi atacado. O caso foi encaminhado para o 7º DP (Distrito Policial) e segundo a Polícia Civil o professor foi ouvido.

A versão do professor

Um boletim de ocorrência foi registrado pelo professor. Nele, o docente afirma que já sofreu ameaças de alunos e representou contra estudantes em 2016, e por isso carregava na data de ontem um frasco de spray pimenta e uma faca para sua defesa, mas não sabia da paralisação.

Segundo a versão do professor, ao chegar na sala viu um grupo de jovens aglomerados na entrada, mas não soube informar se o grupo era de estudantes da Unicamp, e Gustavo teria investido contra ele, comunicando que não haveria aula por causa da paralisação.

No boletim, Leão afirma ainda que foi empurrado no chão, teve lesões na cintura e por isso teria se munido do spray e faca, e após a confusão, com medo de ser linchado teria usado o spray contra os estudantes.

O que diz a Unicamp?

Em nota, a Reitoria da Unicamp repudiou atos de violência praticados no campus e afirmou que a conduta do docente será analisada.

“A conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis. Ressalte-se, ainda, que a Reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos”, diz em texto.

A PRG (Pró-Reitoria de Graduação) também manifestou repúdio às atitudes do professor, e disse que se posiciona pela aplicação imediata dos procedimentos administrativos e legais necessários, “compatíveis com a gravidade do caso”.

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Leandro Las Casas
Leandro Las Casas
Graduado pela PUC-Campinas desde 2011, atua há 14 anos no Jornalismo, área na qual cobriu sete eleições, participou de grandes coberturas e esteve a frente de podcasts e projetos de assessoria. Começou a carreira na rádio CBN Campinas, onde foi estagiário, repórter e apresentador. No acidade on Campinas, assina matérias e reportagens de todas as editorias desde 2021.
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