Campinas teve 12,3 mortes violentas intencionais para cada 100 mil habitantes em 2022, segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A taxa é a 15ª mais alta do estado de São Paulo, supera a da capital paulista e é a maior entre os municípios da região metropolitana (veja abaixo).
O resultado, por outro lado, mostra que a metrópole ficou atrás de outras cidades paulistas. As cinco maiores taxas do ano passado foram registradas por Caraguatatuba, com 26,70, São Carlos, com 19,20, Guaratinguetá, com 18,60, e ainda Rio Claro e Embu das Artes, com 18,40 e 18,30, respectivamente.
O levantamento leva em conta apenas municípios com mais de 100 mil habitantes e mostra ainda que a médica nacional, de 23,4, foi a menor desde 2011. Ainda conforme a compilação feita pelos especialistas, a capital tem um índice de 7,3. O menor índice foi o de Botucatu, com 2,8 mortes intencionais.
Realidades distintas
O advogado criminalista e pesquisador do epiGeo (Laboratório de Análise Espacial de Dados Epidemiológicos) da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp, Antônio Carlos Bellini Júnior, cita um estudo desenvolvido em 2019 que mostra a diferença dos riscos de morte em regiões de Campinas. O trabalho envolveu entrevistas com familiares de vítimas de homicídios.
“Se analisarmos Campinas em três áreas, sendo uma delas rica, outra pobre e uma média, com base no IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), o que se conseguiu perceber é que o risco de se morrer nas regiões mais pobres é cinco vezes maior do que no resto da cidade”, detalhou, citando que a cidade tem panoramas e realidades diferentes, de acordo com a área.
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Na região
Além de Campinas, na 15ª posição, Hortolândia, com 11,40, e Sumaré, 10, também aparecem na lista de maiores taxas a cada 100 mil habitantes. Os dois municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas) ocupam a 19ª e a 25ª colocações do ranking, respectivamente. Na outra ponta, entre os menores índices, estão Indaiatuba, com 3,1, e também Santa Bárbara d’Oeste, com 3,3.
Veja os municípios com os maiores dados do estado:
Caraguatatuba: 26,70
São Carlos: 19,20
Guaratinguetá: 18,60
Rio Claro: 18,40
Embu das Artes: 18,30
Itapecerica da Serra: 17,00
Pindamonhangaba: 16,30
Birigui: 15,10
Itanhaém: 15,10
Araçatuba: 15,00
Barretos: 14,70
Cubatão: 14,20
Taubaté: 13,20
Cotia: 12,80
Campinas: 12,30
Franco da Rocha: 11,70
Guarujá: 11,50
Araras: 11,50
Hortolândia: 11,40
Tatuí: 11,30
Ferraz de Vasconcelos: 11,20
São Vicente: 10,90
São José do Rio Preto: 10,60
Mogi Guaçu: 10,40
Sumaré: 10,00
Praia Grande: 9,70
Carapicuíba: 9,60
Campinas responde
Procurada, a Prefeitura de Campinas enviou ao acidade on Campinas uma nota da GM (Guarda Municipal). No texto, a corporação alega que “está nas ruas da cidade 24 horas por dia para atuar na prevenção e na repressão da criminalidade” e que as ações “incluem o patrulhamento preventivo e operações contra o tráfico de drogas e a receptação de materiais ilícitos”, ações que são realizadas somente pela Guarda ou integradas com as polícias Militar e Civil.
“A GM e as outras forças de segurança valorizam a cooperação na troca de informações de inteligência para a solução de crimes, bem como em ações operacionais. A cidade ainda conta com monitoramento por câmeras, leitores de placas de veículos e sistema integrado de consulta de banco de dados”, justifica, lembrando a Cimcamp (Central Integrada de Monitoramento de Campinas).
Ainda conforme o posicionamento enviado à reportagem, o sistema “conta com 500 câmeras de vigilância próprias e mais 1.100 de parcerias com entidades privadas por meio do programa Monitora Campinas, que ampliou a capacidade de monitoramento no município para todas as regiões de Campinas”. A nota também cita outras ações desenvolvidas pela corporação. Leia a íntegra:
“A Guarda Municipal de Campinas está nas ruas da cidade 24 horas por dia para atuar na prevenção e na repressão da criminalidade. As ações de prevenção incluem o patrulhamento preventivo e operações frequentes para coibir atividades ilícitas, como o combate ao tráfico de drogas, a receptação de materiais ilícitos, ações estas realizadas somente pela Guarda ou integrada com as polícias Militar e Civil.
A GM e as outras forças de segurança valorizam a cooperação na troca de informações de inteligência para a solução de crimes, bem como em ações operacionais. A cidade ainda conta com monitoramento por câmeras, leitores de placas de veículos e sistema integrado de consulta de banco de dados de pessoas.
A Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp) conta com 500 câmeras de vigilância próprias e mais 1.100 de parcerias com entidades privadas por meio do programa Monitora Campinas, que ampliou a capacidade de monitoramento no município para todas as regiões de Campinas.
No combate à violência contra a mulher, a Secretaria de Segurança de Campinas mantém o programa Guarda Amigo da Mulher (GAMA), que oferece a Sala Lilás na Base Centro da Guarda Municipal para que as mulheres vítimas de violência doméstica possam buscar ajuda.
Além disso, as equipes do GAMA fazem visitas frequentes às mulheres que tem medida protetiva e que são cadastradas no programa para garantir que o agressor cumpra a medida judicial e fique longe da vítima.
A Secretaria de Segurança lançou este ano o Protocolo Égide, um conjunto de ações de prevenção e pronta resposta para atuar em incidentes críticos em escolas. Também foi criado na Guarda Municipal o Grupo de Pronta Intervenção (GPI), uma equipe de 20 agentes de segurança municipais altamente preparados para crimes que envolvam alto risco, como, por exemplo, ocorrências de maior vulto e incidentes escolares.
Para o uso do GPI, a GM também recebeu um veículo adaptado para ser empregado nessas ações. A Secretaria de Segurança também investe na constante capacitação dos guardas municipais e na aquisição de equipamentos para que os agentes de segurança estejam prontos para atender a população”.
Estado responde
Apesar de liderar a lista com mais mortes violentas intencionais para cada 100 mil habitantes em São Paulo, Caraguatatuba fica longe dos estados mais violentos, como Amapá, com 50,6, Bahia, 47,1, e Amazonas, com 38,8. Porém, está perto do Rio de Janeiro, 27,9. São Paulo, aliás, teve 8,4 mortes violentas intencionais e foi o estado com a menor taxa de assassinatos no último ano.
Em nota enviada ao jornal O Estado de S. Paulo, a secretaria da Segurança Pública afirmou usar o SPVida (Sistema de Informação e Prevenção aos Crimes Contra a Vida) para analisar os indicadores criminais e elaborar planos de ação.“Na região do Vale do Paraíba, desde janeiro, 43,5% dos casos de homicídios e 70% dos latrocínios foram esclarecidos, resultando na prisão de 64 infratores por essas modalidades. No total, 4.551 pessoas foram presas/apreendidas na área, representando um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior”, alegou.
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