A Polícia Civil de Campinas abriu inquérito, nesta segunda-feira (24), para investigar o “rolezinho” que envolveu mais de 200 motos e que terminou com a morte de três pessoas na madrugada do último sábado (22), na Rodovia Santos Dumont (SP-075). Um vídeo enviado à EPTV Campinas mostra o momento da primeira batida que provocou o acidente – veja abaixo.
As imagens foram feitas por uma câmera no capacete de um dos participantes. A moto foi flagrada trafegando pela via a 120 km/h. No vídeo dá para ver o instante em que um motociclista bate na traseira de uma moto que reduziu a velocidade.
O entregador Gerônimo dos Santos Moura estava com a câmera no capacete e conseguiu registrar o momento do acidente. Ele conta que motociclistas começaram a acelerar depois que a Polícia Militar começou uma perseguição ao grupo. Após a batida, ele retira o capacete e o coloca no chão, mas a câmera continua ligada e gravando o desespero das pessoas envolvidas no acidente. Além das três vítimas fatais, outras 27 pessoas ficaram feridas.
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Nas imagens gravadas no capacete é possível ver que em menos de um minuto após as batidas uma viatura da Polícia Militar chega ao local.
“Não deu para evitar. Estava todo mundo andando muito rápido, não tinha como evitar. O que eu vi primeiro foi uma mulher ‘voando’ na frente. Ai a moto que passa na frente enrosca a perna e depois não deu para ver mais nada”, explica Gerônimo.
MULTAS
O evento conhecido como “rolezinho” aconteceu na madrugada de sábado. As cerca de 200 motos circularam por várias ruas de Campinas, incluindo a Avenida Prestes Maia, onde foram registradas 60 multas por excesso de velocidade. Após passarem pela via, eles seguiram em direção a Rodovia Santos Dumont (SP-075), onde o acidente ocorreu (leia mais abaixo).
A Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) informou mais cedo que registrou as 60 infrações de trânsito na avenida. Essas infrações foram capturadas por radares localizados na Avenida Prestes Maia, no Jardim do Trevo.
No sábado, a Emdec já havia informado que o evento não havia sido formalmente organizado, sendo divulgado pela internet e redes sociais e sem solicitar autorização do órgão de trânsito. Em nota, a empresa reiterou que esse tipo de “rolezinho” geralmente é planejado sem aviso prévio e que os organizadores costumam escolher rotas onde a fiscalização é escassa. Ainda na nota, a Emdec antecipou a possibilidade de autuações eletrônicas, como as que começaram a ser divulgadas hoje.
O ‘ROLEZINHO’
De acordo com a Polícia Rodoviária, o grupo com cerca de 200 motos se reuniu na Vila Castelo Branco, em Campinas, e passou por vários pontos da cidade. Muitos moradores de Campinas filmaram a passagem das motos em diversos bairros durante a madrugada por causa do barulho dos escapamentos das motos. Imagens registradas pela cidade também mostraram várias irregularidades, como motociclistas empinando ou até andando na contramão de vias. Muitos motoristas que passavam perto do grupo tiveram que tomar cuidado para não se envolverem em acidente com o grupo.
Quando o grupo chegou à Rodovia Santos Dumont houve um engavetamento seguido de atropelamento entre as motos do grupo. Alguns motociclistas perderam o controle do veículo na aglomeração, duas mulheres e um homem morreram após as colisões. O acidente ocorreu por volta das 2h da madrugada, na altura do km 72. Equipes da Perícia Técnica da Polícia Científica foram direcionadas ao local do acidente. O grupo acabou se dispersando.
A Polícia Civil de Campinas divulgou a identidade das três vítimas fatais que morreram durante o acidente: Bruna Maldonado Martins, de 33 anos, Diogo Henrique Pereira, de 19 anos e Leonardo Souza Gomes, de 29 anos. As vítimas morreram no local. A maior parte das 27 pessoas que ficaram feridas, atendidas em hospitais da cidade, deixaram as unidades médicas ainda no final de semana. Duas seguem internadas.
POSIÇÃO DA GM
A comandante Lourdes da Guarda Municipal de Campinas lamentou as mortes das pessoas que participaram do role promovido por grupos de motociclistas da cidade. Ela disse que a GM ao tomar conhecimento do role, ainda no início, conseguiu dispersar parte dos motociclistas envolvidos, mas como eram muitos e se formaram em diversos pontos, não foi possível ter o controle total das ações, principalmente para não colocar em risco as demais pessoas que também estavam nas ruas.
Ainda segundo comandante, a GM faz várias operações em diferentes locais da cidade, com a apreensão de motos irregulares. Ela alertou para que os motociclistas não participem deste tipo de situação porque envolve muita gente e o risco de acidente é enorme, principalmente porque alguns fazem prática de direção perigosa, condutas de depredação e desrespeitando o próximo.
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