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CotidianoWhey Protein de grilo? Entenda a farinha de insetos desenvolvida pela Unicamp

Whey Protein de grilo? Entenda a farinha de insetos desenvolvida pela Unicamp

Produto foi resultado da tese de doutorado do cientista de alimentos Antonio Bisconsin Junior, que pesquisou as vantagens desse tipo de consumo

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Com informações de Adriana Vilar de Menezes/Jornal da Unicamp

Você comeria um Whey protein de grilo? Um pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveu uma farinha proteica feita à base do inseto para sua tese de doutorado. Com o tema “Insetos Comestíveis: Estudo do Consumidor e Desenvolvimento de Ingrediente Alimentício”, a pesquisa foi realizada pelo cientista de alimentos Antonio Bisconsin Junior, na FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos).

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Em seu estudo, além de produzir o ingrediente alimentício, ele pesquisou as vantagens da ingestão de insetos e procurou entender o que os brasileiros pensam sobre esse tipo de alimentação. Foi descoberto que há uma preferência por parte da população pelo consumo de grilos, assim como uma maior aceitação dessa alternativa de consumidores do Norte e do Centro-Oeste do país. Ele ouviu a opinião de 780 consumidores de todo o país sobre o consumo de insetos (saiba mais abaixo).

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A escolha de desenvolver um alimento com grilos no formato de farinha se deu por conta de ter sido observado que haveria uma aceitação melhor do produto se os insetos estivessem “disfarçados”, ou seja, se não fossem identificáveis na sua forma natural.


Bisconsin ficou interessado pelo tema após a publicação de um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Agricultura e Alimentação, de 2013. O documento apresenta o uso de insetos na alimentação humana como alternativa para auxiliar no combate à fome no planeta.

O pesquisador acredita que a ingestão de insetos pelos seres humanos, uma prática iniciada na era paleolítica, pode se tornar parte da alimentação da maioria das pessoas no futuro.

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Por que comer insetos?

Para o cientista, há diversos motivos para os insetos serem considerados uma alternativa alimentar para a população mundial. Os principais deles estão ligados à qualidade nutricional e à sustentabilidade.


Os insetos possuem altos teores de proteína, quando comparados com as carnes bovina, suína, de frango e de peixe. Além disso, segundo o cientista, essas proteínas são consideradas de boa qualidade, com lipídios saudáveis e fibra insolúvel que pode ajudar no trato intestinal.

“Eles têm todos os aminoácidos de que necessitamos na dieta, ao contrário dos produtos de origem vegetal”, pontua Bisconsin.

Já em relação ao aspecto sustentável, os insetos necessitam de menos alimento, água e espaço para conseguirem fornecer a mesma quantidade de proteína produzida pelas criações de animais convencionais. Dessa forma, o impacto ambiental causado acaba sendo muito menor.

Consumo de insetos na atualidade

A antropoentomofagia, uso de insetos na alimentação humana, começou na época dos hominídeos. Apesar de parecer uma prática exótica aos olhos da população urbana ocidental do século XXI, esse tipo de animal já chegou às mesas de restaurantes brasileiros premiados e é comum, por exemplo, na Tailândia – com seus espetinhos de grilo – e no México, onde são vendidos a granel.

Dados da ONU mostram que os insetos já fazem parte do cardápio de quase dois bilhões de pessoas em todo o mundo. “Os maiores obstáculos para inseri-los maciçamente na alimentação humana são culturais e psicológicos”, afirma Bisconsin.

Segundo o cientista de alimentos, o Brasil tem um enorme potencial para a criação de insetos comestíveis. Um dos motivos é por conta do clima mais quente, que permite aos animais um ciclo de vida mais curto.

De acordo com a orientadora da tese, a professora Lilian Regina Barros Mariutti, o trabalho pode contribuir para a elaboração de uma legislação, até hoje inexistente no país, sobre a utilização de insetos como alimento humano.

“Há subsídios na pesquisa para que seja criada uma política pública pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a fim de regulamentar a criação de insetos. Esses são dados importantes para a indústria e para a academia”, diz Mariutti. Já existe no Brasil a criação de insetos para consumo animal, em pequena escala.

Desenvolvimento da pesquisa

A realização da pesquisa foi dividida em duas partes. Na fase inicial, foram entrevistadas 780 pessoas de todas as regiões do país, de forma presencial, ao longo de seis meses. Para isso, Bisconsin contou com uma rede de colaboradores, formada por professores da Unicamp e de outras universidades e institutos de pesquisa, que saíram às ruas para coletar informações.

As perguntas foram feitas com o objetivo de entender o que as pessoas associavam à alimentação de insetos. “Na análise, confirmamos que a grande maioria associa a ideia de comer insetos a algo nojento”, diz Bisconsin.

Também foi observado que pessoas das regiões Norte e Centro-Oeste tendem a ter uma visão mais positiva sobre os insetos comestíveis que as pessoas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Segundo o pesquisador, essa familiaridade está relacionada à cultura regional. Natural de Rondônia, o próprio Bisconsin lembra que, na infância, ele já sabia da existência desse hábito entre os povos originários, apesar dos insetos não terem integrado a sua dieta.

Como resultado da etapa de entrevistas, o perfil da maioria que aprovou essa alternativa alimentar era jovem, com grau de escolaridade maior e do gênero masculino. O grilo foi o tipo de inseto comestível mais aceito, ficando acima das larvas, baratas e formigas.

Na segunda etapa, foi desenvolvida a farinha proteica do animal, o “grilo protein”, como forma de manter o inseto “escondido” no alimento. Ela foi elaborada com tecnologias emergentes não térmicas, em parceria com o Instituto Leibniz para Tecnologia Agrícola e Bioeconomia, da Alemanha.

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Vitória Silva
Vitória Silva
Repórter no ACidade ON Campinas. Formada em Jornalismo pela Unesp, tem passagem pelos portais Tudo EP e DCI, experiência em gravação e edição de vídeos, produção sonora e redação de textos, com maior afinidade com temas que envolvem cultura e comportamento.
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