Por Renée Pereira
A alta de 25% no diesel causou indignação entre os caminhoneiros. Mas, desta vez, eles não querem brigar sozinhos para a redução dos custos. O presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), Wallace Landim, o Chorão, afirma que essa não é uma pauta só dos caminhoneiros, mas de toda sociedade. “Como ocorreu em 2013, com as passagens de ônibus, chegou a hora de toda população protestar, pois isso vai acabar no bolso de todo consumidor.”
Ele explica que se os aumentos forem repassados para o frete, todos os produtos vão encarecer nos supermercados, lojas e shoppings. Questionado sobre uma paralisação apenas dos caminhoneiros, ele diz que isso pode ocorrer de uma forma natural, mas não orquestrada. Ou seja, com o aumentos dos custos, muitas viagens podem se tornar economicamente inviáveis.
“Ninguém vai trabalhar no prejuízo. No segmento de transportes, o que sustenta um caminhão é o petróleo. Além do diesel, temos o pneu, lubrificantes, filtros (tudo vai ter reajuste). Como o motorista vai sobreviver?”, diz ele.
Chorão não acredita que as medidas que estão sendo propostas pelo governo serão suficientes para reverter a situação. “É tapar o sol com a peneira. É apenas um paliativo.”
Ele defende que se coloque um fim ao preço de paridade de importação (PPI) adotado pela Petrobras e das privatizações das refinarias. “O que temos de ter em mente é que não parou por ai. Daqui a pouco vem mais 11% de reajuste.”
Nesta quarta (9), após 57 dias, a Petrobras anunciou aumento de 25% do diesel e de 19%, da gasolina. Com a escalada dos preços do petróleo por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, a estatal não conseguiu segurar os reajustes. Ainda assim, o preço no mercado interno está abaixo do avanço da commodity no mercado internacional.