Apesar de a coordenação da campanha à reeleição buscar meios de atrair o eleitorado feminino, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a apoiadores que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, só se especializou em Libras por ordem dele porque ela “falava muito alto em casa”. Ele ainda afirmou que ela “pede R$ 5 mil todo dia”.
Ao falar sobre o quanto ganha de salário como presidente, ele disse que todo dia, quando acorda, Michelle pede dinheiro. “Ganho R$ 33 mil, mas não gasto quase nada, quem gasta é a mulher. Inclusive, todo dia quando levanto, ela me pede R$ 5 mil”, declarou nesta quarta-feira, 27. Quando um apoiador questionou com o que Michelle gasta o dinheiro, Bolsonaro respondeu: “Não sei, nunca dei”.
Após ouvir elogios a Michelle de algumas apoiadoras no grupo reunido em frente ao palácio, Bolsonaro disse que a primeira-dama havia feito um bom discurso durante a convenção do PL, no último domingo, e rindo, contou que a primeira-dama aprendeu Libras (Língua Brasileira de Sinais) para deixar de “falar alto” com ele. “Como ela falava muito alto comigo em casa, eu disse pra ela aprender libras e ela aprendeu”.
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As mulheres fazem parte de um dos grupos da sociedade que mais rejeitam a tentativa de reeleição de Bolsonaro. Dados recentes da pesquisa Datafolha apontam que o atual presidente tem 21% da preferência feminina, contra 49% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Uma das apostas do PL é usar a própria Michelle nas propagandas eleitorais da campanha de Bolsonaro. A primeira-dama discursou na convenção que confirmou Bolsonaro como candidato.
No evento, ela afirmou que o presidente sancionou 70 leis dedicadas às mulheres, mas só 46 beneficiam diretamente o público feminino, como mostrou o Estadão. Dessas, nenhuma proposta é de autoria do governo, e Bolsonaro vetou seis propostas, incluindo a que previa distribuição de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Além dos comentários sobre Michelle, o presidente também fez outras falas desrespeitosas em relação às mulheres, como quando disse que teve uma filha por “fraquejada”. Em junho, a Justiça confirmou que Bolsonaro terá que pagar uma indenização de R$ 35 mil a uma jornalista por ter feito uma insinuação sexual sobre seu trabalho.