VOLTA ÀS AULAS
Sabe qual a tentação que o professor de Gramática que me habita teve agora, leitores, ao escrever o título desta crônica? Fiquei tentado, por segundos, em querer explicar para vocês por que “volta às aulas” tem crase, ou seja, é marcado por este acento esquisito, chamado de acento grave. Mas, relaxem, já mandei o professor que me habita ficar de castigo atrás da porta.
Agora, podemos fugir da Gramática e conversar de igual para igual. Amanhã, segundona brava, os alunos irão para a escola. Levantem o dedão em gesto positivo, “tipo assim” – como diz a minha neta – se vocês são pais ou mães dos pimpolhos e estão dando graças a quem inventou a Escola porque assim terão onde “enfiar” a molecada ociosa que feriaram de dezembro até agora, um verdadeiro horror, segundo boa parte dos genitores.
Lógico que estou exagerando, mas vocês sabiam que, se derem um Google à procura de quem inventou a Escola, vai ler, entre outras origens possíveis dessa instituição social, que ela nasce diante da necessidade de se ocupar a filharada de quem detinha o poder? Sim, porque os filhos de escravos e das classes pobres já estavam no batente há muito tempo. Já os filhos de quem detinha o poder econômico ficava sem o que fazer. Daí surge a Escola, para disciplinar esta galerinha. Não sou eu quem diz isso, mas o filósofo Foucault, entre outros estudiosos do assunto.
Outras correntes de estudiosos dizem que a Escola é o centro do Saber, da aquisição do Conhecimento. Também assino embaixo (ou será “em baixo” ou “debaixo”? Maldita dúvida gramatical!) dessa teoria educacional.
Bem, leitores, deixando as teorias da história da Escola e da Educação, uma coisa é certa: amanhã, os pimpolhos voltam às aulas (caprichem na crase, por favor!) E que venha o ano letivo à frente (também com crase, por favor!)
E como professor que sou, convoco os colegas a respirarem fundo e levantarem da cama com entusiasmo e a alegria de que é mágico quando nós, para usar um verbo que Machado de Assis gostava muito, “desasnamos” a juventude, ou, se preferirem, podemos usar este mais pedagógico, o verbo “mostrar” caminhos de criticidade do mundo à nossa volta.
Bora pra sala de aula, colegas e alunos? Será uma alegria escutar o burburinho da juventude no pátio, respirando a Vida que os jovens dão à Escola? Amooooo!
