A família de Thalita do Valle, a brasileira nascida em Ribeirão Preto que morreu em combate na Guerra da Ucrânia, cobra as autoridades brasileiras e ucranianas sobre os direitos da mulher.
Thalita morreu asfixiada por conta de um incêndio em um bunker em Kharkiv, em julho do ano passado. Ela tinha 39 anos e fazia parte da Legião Internacional de Defesa da Ucrânia, que luta contra a invasão da Rússia. No leste europeu, ela realizava serviços humanitários e não estava na frente de batalha.
O irmão de Thalita, Theo Vieira, conta que a família tem muitas dificuldades para garantir os direitos da irmã. “Espero que os direitos dela sejam dados. Inclusive, porque queremos realizar um projeto de proteção animal muito sério”, declara.
“Há meses uma pessoa entrou em contato conosco pedindo informações dizendo-se responsável por repatriar e ajudar com essas questões. Porém, descobrimos que esta mesma pessoa é conhecida internacionalmente por estelionatos”, afirma Theo.
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Possível traidora
Segundo ele, quem entrou em contato foi uma australiana, conhecida como “Mockingjay”, que foi denunciada pelo jornal britânico Daily Mail, acusada de roubar fundos e suprimentos da Legião que luta na Ucrânia.
Theo afirma que depois que a suposta estelionatária entrou em contato com a família, ela teria pedido pertences pessoais de Thalita, afirmando ser amiga dela.
“Depois disso, demos uma segurada e pedimos que as conversas fossem tomadas pelas embaixadas, que nunca falaram sobre indenizações, nem nada”, relata.
“Porque desde pertences, até mesmo o envio dos restos mortais, tiveram grandes problemas. Os pertences foram todos roubados”, afirma o irmão de Thalita.
Segundo Théo, nem o Governo Brasileiro, nem a Ucrânia apresentaram soluções para os problemas enfrentados pela família.
“Simplesmente batem o telefone na nossa cara”, disse à reportagem do acidade on Ribeirão. “O Itamaraty sempre se esquivou completamente. Trata o assunto como um contrato particular”.
“Pessoas boas estão morrendo porque a guerra é lucrativa. Enviar pessoas para morrer movimenta a máquina, indenizações, salários que ficam por lá e bagagem com material de suporte. Só minha irmã em equipamento pessoal tinha mais de R$ 60 mil”, completa.
Outro lado
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que, por meio da embaixada em Kiev, acompanha o caso e presta assistência consular aos familiares de Thalita.
Além disso, declarou que em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais.
“O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família. Não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos”, afirma.
Já a embaixada da Ucrânia no Brasil não respondeu aos questionamentos.
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