A Polícia Civil de Franca não vê indícios de crime, ou seja, de interferência humana no desabamento do teto de uma gruta que matou 9 bombeiros civis e deixou outros feridos, na madrugada do dia 31 de outubro, em Altinópolis. O grupo estava participando de um treinamento na gruta Duas Bocas, que fica em uma propriedade particular.
Segundo o delegado Rodrigo Salvino Patto, responsável pelas investigações, os laudos periciais elaborados pela Polícia Cientifica apontam que o acidente ocorreu em razão da característica da rocha e da perda estabilização de suas estruturas. O problema também havia sido apontado em um laudo assinado por membros da Defesa Civil, especialistas e geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA).
“A Polícia Civil do Estado de São Paulo ainda pelos depoimentos prestados pelos sobreviventes entende que o fato ocorreu em razão de evento da natureza, em caso fortuito [que acontece por acaso], não havendo no que se falar em responsabilidade criminal. Há que se salientar que isso não afasta a responsabilidade civil da empresa, ou seja, a obrigação dela de reparar o dano causado direta ou indiretamente a todas às famílias das vitimas desse trágico acidente”, disse Salvino.
O que diz o laudo?
De acordo com informações do laudo pericial, que a reportagem do ACidade ON teve acesso, a gruta é constituída de material de arenito, de aspecto granulado, com superfícies descontinuadas e formação de placas em blocos. “Esse tipo de rocha tem uma característica especial são extremamente porosas e, por isto, formam os depósitos ou lençóis subterrâneos de água”, diz no laudo.
O laudo ainda afirma que a gruta apresenta vestígios recentes do desplacamento do material rochoso de arenito. Também há sinais de irregularidade em superfície, com sinais de descontinuidade por meio de fissuras, indicativo de sinais favoráveis a desplacamento. Esses problemas seriam mais comuns em grutas de arenito, apontam estudos.
“Não foi possível precisar o elemento único e/ou a conjuntura isolada causadora do desabamento, baseando este Perito relator nas características ambientais, com presença de chuvas intensas tanto quando dos fatos como quando dos exames, assim como baseando-se nas características descritivas da gruta e nas circunstâncias porventura causadoras de perda de sua estabilização, tratando-se das características elencadas em grutas constituídas de arenito, caso do local dos fatos”, cita nas considerações finais.
Linha do tempo
O acidente que matou nove bombeiros civis foi no domingo (31), durante um treinamento na gruta Duas Bocas que fica em uma propriedade particular.
Segundo o delegado Rodrigo Salvino Patto, que investiga o caso, os indícios apontam para um fato extraordinário devido a uma ação da natureza.
Em depoimento à Polícia, o responsável da escola, Sebastião Abreu, disse que a parte estrutural da caverna não foi alterada pela equipe e que houve vistoria antes.